sábado, 11 de novembro de 2023
Watercolour study: Seasons change...
sábado, 9 de janeiro de 2021
Occasionally
- What are you doing out here, so early?
-
Thinking…
- About
what?
- Things…
in general… life… us… the future…
The sun had just slit
the horizon with its razor of light, slowly colouring the sky with the first
rays in shades of yellow and vermillion.
I felt like my soul was in a peaceful mood.
He sat down by my
side on the soft white sand. The sound of the waves, my favourite soundtrack,
helped me think, making my mind wander freely…
His arm touched mine,
occasionally. His leg touched mine, occasionally. He did not say another word,
for some time. He knew me. He just waited, patiently, respecting my time and my
timing. I was not in hurry. Why would I be? I was in love and I was being loved
by the sweetest man alive… and he was sitting right there, so close to me, at
my side.
I was often emotional.
He felt it, automatically and pressed my arm, without saying a word. He knew me
so well, indeed.
That tender gesture
triggered my reactions harder and deeper. I felt warm tears running down my
face. He pulled me closer to him and embraced me, bringing my head to rest on
his chest.
- I love
you so very much…
I held his hand in mine and kissed it gently.
He smelled my hair and closed his eyes, as if trying
to hold that moment in his memory.
- Your
scent is so remarkable…
I hummed an almost
inaudible:
- You’re too sweet, my love…
- I’ve
been thinking…
- So have
I.
He took a deep breath
and held me tighter.
- Oh, my
love…
I knew exactly what
he intended to say. He did not need to speak it all out loud…
It was the same I
wanted...
sábado, 24 de outubro de 2020
Deuses do Mar
Uma brisa suave entrava pela grande porta de correr, que
ligava a varanda à sala de estar. Todas as janelas haviam sido abertas desde cedo,
naquele dia quente e ensolarado. Não havia uma única nuvem a manchar o intenso azul
do céu.
Depois de um leve e breve café da manhã, decidimos que íamos passar a maior parte do dia à beira-mar. Seria apenas uma curta viagem de carro até a praia mais próxima, onde poderíamos nos refrescar e relaxar juntos. Afinal, para que servem as férias de verão?
- Eu nasci na ilha, sabes disso. O oceano faz parte da minha existência desde que eu me conheço por gente.
- Tu és filho de um daqueles deuses do mar! Tenho certeza.
Ele disse aquilo e abriu seu largo, enigmático e adorável sorriso, que sempre fazia a tristeza desaparecer dos meus olhos, por um momento, como se nunca dantes tivesse ali estado.
- Meu ‘pai’, então, está muito sereno hoje. Até as ondas estão pouco agitadas, quase uma calmaria, no momento. Ele provavelmente me sente por perto...
- Eu pensei que o oceano fosse, de alguma forma, bem diferente disso. Eu conheço o Mar Mediterrâneo. Já estive lá algumas vezes, mas não é, definitivamente, assim. O oceano parece muito mais poderoso e a água é tão mais fria!
- É melhor ficarmos pouco tempo aqui no sol direto, pois não estamos acostumados e nossas peles são muito pálidas, para ficarem expostas assim a estes raios escaldantes.
- Eu, às vezes, duvido que tu tenhas, realmente, nascido na ilha...
- Quando eu era jovem, tive uma grave queimadura de sol e tenho muito medo de repetir uma experiência daquelas.
- Ah! Eu sei muito bem o que tu queres dizer. Cometi o mesmo erro quando estava no colégio. Podes-me ajudar com o protetor solar, então, por favor?
- Claro! Vira-te, um pouco.
O vento soprava forte, anunciando uma tempestade. As
ondas batiam, ruidosamente, na costa e nas rochas. Nenhum barco havia saído
para o mar. O céu, muito nublado, estava mais escuro que o normal, para aquela
hora do dia. Algumas bravas aves marinhas esperavam na praia, como se
estivessem contando os minutos para pescar, mas o vento não as deixava chegar muito
perto das águas.
Eu estava sentado, sozinho e em silêncio e sem nenhum pensamento sólido em mente. Gostava de estar ali, acompanhando o vai-e-vem das ondas, quase em transe, como se a esvaziar minha alma de todos os problemas. Estava tranquilo, por haver enterrado aqueles sentimentos pungentes do meu passado. Era incrível como eu havia mudado nos últimos meses.
Ouvi o trovão, ao longe, e levantei-me, pronto para sair da praia, antes que a chuva me alcançasse e caísse fria e pesada sobre mim.
Algo em minha mente, porém, me disse para esperar. Foi uma sensação estranha, como se alguém me estivesse chamando. Eu olhei em volta. O vento soprava cada vez mais forte e o oceano parecia mais selvagem.
Um cão corria ao longo da linha do mar, seguido por um menino de cerca de cinco anos, atento ao animal, mas totalmente alheio a qualquer perigo. O cão correu atrás de algumas das gaivotas que descansavam na areia, junto às rochas. O menino vinha, sorrindo e brincando, atrás de seu animal de estimação.
A chuva, como já devia ser esperado, caiu sobre todos nós. Os dois não pareciam se importar com nada, além de sua brincadeira.
O animal escalou o rochedo e acabou afugentando os pássaros, que lá estavam. Uma onda bateu, ruidosamente, contra as grandes pedras. Eu pressenti o perigo e corri, mas não fui rápido o suficiente.
O menino pisou na superfície molhada e escorregou. Ele tentou, mas não conseguiu agarrar-se a nada e foi abraçado pela onda que se seguiu. O pobre cão ficou totalmente perdido, tentando fazer alguma coisa, correndo e ganindo em desespero.
Antes que eu os alcançasse, o animal pulou no oceano, atrás do rapaz, que já não estava à vista.
Eu gritei, mas era tarde demais. Eles desapareceram em segundos, engolidos pelas águas frias e agressivas.
Eu não pensei muito. Apenas agi por instinto.
***
- O que foi
que tu fizeste?
Eu virei a cabeça.
- O que tu achas que eu fiz?
- Como foi que aquilo aconteceu?
Evitei a pergunta.
- Ele está vivo, não está? Ambos estão. É isto que importa, na verdade...
- Sim. Mas…
Eu olhei pra ele. Ele segurou meus braços, com firmeza e tentou falar devagar e com calma.
- Havia uma tempestade e o mar estava muito agitado. Como tu poderias retirá-los das águas, assim? Como aquela tempestade poderia, simplesmente, parar e o mar ficar tão plácido?
Evitei seus olhos.
- Eu não sei. Como eu iria saber?
Fechei meus olhos e as memórias vieram rápidas na minha mente. Quando os abri de volta, seus olhos estavam fixos nos meus. Decidi que não poderia evitar os fatos, nem a verdade, então falei.
***
- Meu pai...
me ajude!
Saltei das rochas, para dentro do mar. Senti como se o tempo tivesse parado. As águas, de repente, se acalmaram e as ondas quase desapareceram.
Eu vi o menino e seu cão bem perto. O animal arrastava o dono pela camisa e vinha na minha direção, como se soubesse que eu estava ali para tirá-los do perigo que corriam. Ambos haviam engolido bastante água e o menino estava quase inconsciente.
Ele tentava respirar. Eu o puxei de volta para a praia e massageei seu peito, mantendo seu rosto virado para o lado. Ainda quase inconsciente, ele expeliu um pouco de água, tossiu e aquilo deixou seu rosto mais corado.
O cão saltava ao nosso redor, ganindo e inspecionando o amigo com o focinho.
Eu ouvi alguém gritando. Dois homens vinham de direções diferentes. Um deles eu conhecia muito bem.
O homem se aproximou do menino e segurou-o contra seu peito. Aparentemente, havia-me visto salvando seu filho...
O rosto amigável do outro homem estava voltado para mim, com seus curiosos olhos azul-esverdeados, muito abertos.
Olhei para o mar, que voltou ao seu estado normal, quase que imediatamente. A tempestade se fora. Ao longe, a espuma branca das novas ondas desenhava figuras engraçadas na água. Uma onda específica parecia ser mais alta que todas as outras. De repente dissolveu-se e deixou a superfície da água quase intacta...
Sorri para mim mesmo e encarei meu melhor amigo, que estava parado ao meu lado.
Ele olhava para mim, seriamente, com seus olhos brilhantes muito arregalados.
***
sábado, 25 de julho de 2020
Viajante do Tempo. Parte 2. Oblívio.
Os três ficaram em silêncio por um momento. Não havia
muito mais a dizer. O rapaz de óculos apoiava a cabeça nas duas mãos, balançando-a
levemente e tentando processar o que acabara de ouvir.
- Como
isso é possível? Por que diabos eles fizeram uma coisa dessas? Gostaria de
saber se uma viagem tão complicada, para o futuro, e com um propósito tão
específico, ajudou alguém, afinal, em algum lugar, em algum tempo...
- Acho
que nunca saberemos.
- Bem,
então como saberemos se eu realmente cheguei lá e atingi o objetivo?
- Tu
nunca terias voltado para cá, se não tivesses. A falta de memória não te parece
ser prova suficiente?
-
Então…?
- Pelo
que eu sei, o “Oblívio” era raramente usado em quem fizesse viagens no tempo.
Era somente eficiente quando eles queriam enviar os viajantes de volta para
quando e de onde eles vieram, mantendo segredo sobre algum ponto, normalmente
sua localização, ou para evitar serem revisitados. Tu viajaste para ajudá-los e
toda a humanidade no futuro. Essas não devem ser as razões pelas quais o
usaram. Eu me pergunto qual teria sido a verdadeira intenção...
Aquela, porém, não era a única preocupação na mente do
homem de pele pálida. Havia algo mais que parecia estar fora de lugar. Ele tinha
a forte impressão que algumas partes naquela história toda não se encaixavam
bem, de alguma forma, mas não quis expressar suas apreensões em voz alta,
ainda. Ainda havia algumas dúvidas, mas uma ideia estava se formando em sua
mente angustiada. Ele decidiu que precisava pensar um pouco mais sobre aquilo.
Aquele jovem já havia tido problemas suficientes e talvez
precisasse de tempo para processar algumas coisas, antes que qualquer outra ação
pudesse ser planeada ou feita.
Ele tentou evitar os olhares de seus amigos, quando se
afastou por um tempo e ficou na varanda, olhando para um ponto perdido à
distância.
Sua mente não estava mais ali, mas em outro lugar e em
outra época... Seus pensamentos transbordavam rapidamente, pedindo uma urgente atuação.
Ele precisava fazer algo.
O homem de pele pálida sentou-se ao computador e digitou
algumas palavras. O resultado da pesquisa fez com que fosse desviado
rapidamente para uma série de páginas, que sucediam-se umas às outras, até que
ele achou o que procurava.
Fechou o laptop,
aprumou-se e murmurou para si mesmo:
- Acho
que está na hora de ir ver tudo isso por mim mesmo...
Ele voltou para a sala de estar.
- Rapazes!
Precisamos fazer uma coisa... Mas primeiro temos que dar uma passada na praia,
a caminho da cidade.
- Na
praia?
Ele concordou com um leve sorriso.
- Sim.
Na praia…
***
O Jeep seguia pela estrada da praia, na direção dos
moinhos. Os três iam em silêncio, cada qual ocupado com suas próprias questões.
Estacionaram não muito longe do destino e seguiram a pé,
pela passadeira de madeira, que àquela hora estava cheia de pessoas, a caminhar
tranquilamente e a apreciar a vista e a brisa fresca do mar.
Tinham que manter as aparências e passar por apenas um punhado
de frequentadores da praia, caminhando erraticamente à beira-mar, tirando fotos
de tudo ao redor, como qualquer turista moderno.
- Cá
estão eles. E o que fazemos agora?
- Há
muitas pessoas por perto. Precisamos ter cuidado.
- Para
todos os efeitos, estamos apenas procurando ‘geocaches’...
- Essa é
a versão oficial?
- Sim.
Essa é a versão oficial, mas acho que ninguém está interessado no que estamos
fazendo aqui.
Eles tentaram fotografar as muitas características daqueles
prédios peculiares, feitos de pedra e xisto. Havia cinco deles ao longo do
caminho de madeira, de frente para o mar. Cada detalhe foi devidamente
registado pelas câmaras dos telemóveis, para ser examinado posteriormente. Se o
homem da pele pálida estivesse certo em suas suspeitas, eles precisariam voltar
à praia, à noite, para uma verificação mais próxima.
A noite, como acontece quando se está ansioso, caiu muito
lentamente. Sentados numa esplanada, de frente para o mar, os três bebiam suas cervejas
geladas, quase em completo silêncio. O lugar já não estava tão movimentado.
Eles analisaram, com cuidado, as fotos tiradas, verificando detalhes do que
achavam que lhes seria útil mais tarde.
O homem de pele pálida estava certo em suas dúvidas.
Havia algo lá, que merecia uma melhor investigação... definitivamente...
***
A noite estava mais fresca e tranquila. Três silhuetas se
moviam silenciosamente pelo passadiço de madeira. Eles sabiam o que procuravam,
mas precisavam ter cuidado. Os moinhos não eram propriedade pública e,
portanto, seus donos poderiam ter câmaras instaladas em torno da área, o que lhes
seria um incômodo.
Antes de saltarem sobre o cercado de corda, para examinar
o primeiro edifício, olharam à volta, com cuidado, para certificar-se de que
estavam sozinhos.
O homem de óculos de repente ficou rígido.
- Essa
não! Vocês ouviram isso?
- O quê?
- Shhh!
Ouçam!
Alguém vinha correndo no caminho de madeira.
-
Rápido, vamos nos esconder!
Esperando não serem vistos pelo corredor, que se
aproximava de onde estavam, os três esconderam-se à sombra do pequeno prédio de
formato cilíndrico. Seus corações batiam forte. Eles podiam ouvir os passos chegando
cada vez mais perto.
Um corredor, usando um casaco de treino escuro, com capuz,
diminuiu a velocidade e parou em frente ao moinho. Olhando em volta, como se a
certificar-se que não havia mais ninguém por perto, a figura entrou na
propriedade privada e desapareceu-lhes da vista.
Eles ouviram um barulho. Parecia que a entrada estava
sendo forçada.
O homem de óculos sussurrou.
- Quem
diabos é este? O que ele está fazendo aqui?
-
Quieto!
As dobradiças, sem graxa, rangeram com um som distinto. A
porta fora, de alguma forma, aberta.
- Ele entrou!
O que ele está procurando?
- Vamos
sair daqui antes que alguém apareça. Isso está ficando muito perigoso!
-
Espera!
O som alto de um alarme, disparado, vinha de dentro da
casa. Eles ouviram alguém correndo pelas escadas abaixo e, de repente, a figura
encapuzada passou correndo por eles, saltou sobre o cercado de corda e
desapareceu na escuridão, longe deles e da iluminação pública.
Pouco depois, um carro da polícia, piscando as luzes
vermelhas e azuis, subia em alta velocidade pela velha rua de paralelos,
seguido por uma carrinha branca, com grandes letras vermelhas pintadas na lateral.
Os dois carros pararam em frente ao moinho.
Eles ouviram o barulho de pessoas gritando e correndo para
perto de onde estavam...
- Que
porra é esta? Viste aquilo? Eu não acredito!
- O que
esses sujeitos estão fazendo aqui? O que eles querem aqui, afinal?
- Vamos
sair daqui antes que seja tarde demais. Isto não vai acabar bem!
- Não.
Espere! Aquele homem não teve tempo suficiente para procurar o que quer que
seja, enquanto esteve lá dentro. Eu me pergunto o que ele estava procurando lá
em cima. Talvez esta seja a nossa única hipótese de entrar no moinho, sem forçar
a entrada…
- O que
tu queres dizer com isto? Estás louco? Não podemos entrar lá. Esta gente é
perigosa e pode nos reconhecer!
- Acabo
de ter uma ideia. Vamos dar a volta no moinho e fingir que somos apenas mais
alguns intrometidos, tentando descobrir o que está acontecendo. É melhor nos
separarmos!
- Isso é
loucura!
- Mas
pode dar certo!
- Não
pense muito. Apenas vá. Agora!
Pessoas vinham, correndo, de direções diferentes. Aquilo
não era algo que a pacata vila estava acostumada, por isso parecia ser um
grande evento.
Eles se separaram um do outro, tentando evitar serem
vistos juntos.
Quando o homem de óculos se aproximou da porta, sentiu um
puxão no braço.
- Ei!
Ele virou-se e constatou que um dos policiais lhe segurava
o braço. Sua surpresa foi maior ao perceber que outro homem, que ele tinha
certeza já haver visto antes, estava de pé ao lado do oficial.
***
sexta-feira, 1 de maio de 2020
Dança Lenta
What a stupid little thing to do…
I'll do whatever it takes
To get over these walls
High up in the atmosphere
If I could catapult my heart
…To where you are” …*
(*Catapult, by Jack Savoretti)