sexta-feira, 29 de junho de 2012

Vento Sul


Cingiu-me, inteiramente,

Com seus etéreos braços

E, com seus voláteis dedos,

Provocante,

Desalinhou-me os cabelos,

Sem sequer questionar

O efeito que teria

Em minha

- Tão estimada –

Vaidade.

Seu envolvente sopro

Arrefeceu minha pele

E mostrou uma força

Docemente pujante

A aliciar-me

De repente,

Eriçando-me, do corpo,

Os pêlos,

Num contacto tão lascivo

Quanto impetuoso,

Que fez-me reagir

Por incontrolável instinto,

Ante a volúpia incontestável

Do delicado toque

De seu bem-vindo abraço.

E neste torvelinho

Subtilmente sensual,

Dançou à minha volta

Qual animado diabrete,

Que no ritmo ímpar

De sua dança exótica,

Tentava confundir-me

Os sentidos

-Todos -

Como se,

Em divertido chiste,

Desprovesse-me das vestes,

Propositada e categoricamente,

Para massajar, brincando,

Minha quase tímida nudez.

Rendi-me, sem qualquer luta,

À sedução irresistível

Daquele vento,

Cujo lúbrico ósculo

Me avivou memórias

De tempos pretéritos

E não passou,

Por mim,

-De qualquer maneira -

Indiferente…