domingo, 20 de setembro de 2020

Dance


... E, no dançar, 

Como no viver,

Uma entrega total...

(...And when dancing, 

As in living,

Is a complete surrender...)
 

sábado, 29 de agosto de 2020

Thomas - Sete Anos de Amor Incondicional (Seven Years of Unconditional Love)


Hoje eu venho homenagear meu amiguinho, que completou sete anos de uma convivência sem igual, comigo, esta semana.

Quando ele veio, quieto e assustado, não tinha ideia de como Thomas iria transformar a minha vida, mas posso garantir que foi amor à primeira vista.

Ele quase não mia e, quando o faz, é muito baixinho. Sua forma de comunicar está mais nos grandes olhos verdes, naquele jeito de me olhar... e como se aproxima, quando quer algo.

Não quero fazer um texto longo, porque não há necessidade de muitas palavras para transmitir o quanto ele é importante para mim. Basta uma imagem… uma imagem que diz muito.

Na foto, a tranquilidade e alegria dele, quando trouxe o tapete favorito da lavandaria. 


***


(Today I come to honor my little friend, who completed seven years of an unparalleled coexistence, with me, this week.

When he came, quiet and scared, I had no idea how Thomas was going to transform my life, but I can guarantee it was love at first sight.

He hardly meows, and when he does, he does it very low. His way of communicating is more with those big green eyes, in that way of looking at me... and how he comes closer to me, when he wants something.

I don't want to write a long text, because there is no need for many words to convey how important he is to me. Just an image is enough... an image that says a lot.

In the photo, his tranquility and joy, when I brought his favorite rug from the laundry.)


 

sábado, 22 de agosto de 2020

Viajante do Tempo. Epílogo. Os Caches. O Portal


- Pelo amor de Deus, homem, quantos de vocês andam por aí, afinal? Vocês são todos assim, tão parecidos em aparência?

 

- Somos um grupo de clones criados a partir do mesmo ADN original. É por isso que nos parecemos tanto. Éramos treze... A princípio...

 

- Oh, meu Senhor amado!

 

Os três amigos se entreolharam. Era a história a replicar-se... no futuro? Ou era apenas um jogo que se repetia, continuamente?

 

- O que são esses falsos 'geocaches', afinal? Certamente são partes que encaixam, umas nas outras, pelo que pudemos deduzir.

 

A mudança repentina de assunto foi mais do que bem-vinda.

 

- Sim, são. Duas partes de um único portal foram instaladas separadamente, de propósito. Não deveriam ser usados por ninguém, além do mensageiro... Eu, neste caso... Foram deixadas aqui com uma finalidade específica: a missão, para a qual eu fui enviado, como vocês já devem ter percebido.

 

Os três amigos não ficaram nada surpresos. Aquela conversa desenvolvia-se como uma série interessante de mistérios não resolvidos, que estavam prestes a ser explicados.

 

***

 

- O passado, assim como o futuro, pertencem ao tempo em que eles acontecem, originalmente. Não devem ser tocados, nem alterados, de forma alguma. Essa é uma lei sagrada e deve ser respeitada, acima de tudo e de todas as outras regras existentes, caso contrário, um caos descontrolado é o resultado. Quando existe o risco de quebra deste norma, a única forma de interferir é usando um subterfúgio.

 

- Oblívio...

 

- Correto. E, então, o portal aberto para aquela oportunidade é fechado, e nunca mais aparecerá ou se abrirá novamente.

 

- Como assim?

 

- É completamente destruído, de uma vez por todas.

 

- Mas pode haver outros...

 

- Os portais de tempo não são abertos, aleatoriamente, a menos que haja uma razão muito específica... E só o Conselho e o Supremo podem autorizar a criação e abertura de um novo. Se não houver um motivo muito bom e convincente para viajar, não há autorização. Um ponto importante é que o viajante deve voltar sempre pelo mesmo meio, seguindo uma programação específica.

 

- E há uma razão, agora, suponho, para um portal ter sido aberto.

 

- Sim. Há uma razão... Uma boa razão...

 

A antecipação estava estampada nos rostos dos três homens. O viajante olhou diretamente para o homem de pele pálida.

 

- Há uma razão muito boa, de facto!

 

***

 

- Eu fui mandado aqui, pelos cientistas, para te procurar e te levar de volta ao futuro, que é onde deverias estar. Não foi tão fácil te encontrar, como pensei que seria, quando cheguei... Deixei algumas pistas, mas que nunca foram usadas. Parece, porém, que alguém mais pode tê-las encontrado e começado a procurar as peças, que foram, prudentemente, separadas umas das outras.

 

- Eu li um ‘post’ que, supostamente, havia um ‘geocache’ falso no farol…

 

- E eu li aquele sobre o moinho.

 

- Alguém deve ter lido sobre eles, também, e quis verificar do que se tratavam.

 

- Não acho que tenha sido uma busca inocente. Essa gente sabe o que procura.

 

- Então? O que é que eles procuram?

 

- Vamos sair daqui. Vou explicar tudo no caminho.

 

***

- Quando tu foste mandado de volta ao passado, havia... quer dizer, haverá... Uff! Já nem sei como falar… Tanto faz... Houve um boato sobre a tua presença lá. Alguns dizem que salvaste o futuro da humanidade, outros dizem que levantaste uma suspeita séria sobre as intenções, que nosso Chefe Supremo tinha, sobre o próprio planeta.

 

- Talvez as duas coisas...

 

O homem de pele clara falou com um tom de voz muito grave.

 

- E o que dizem sobre a vacina?

 

- A vacina funciona bem. Está tudo sob controlo.

 

- Bem, parece que a viagem valeu a pena, afinal.

 

- Parece que sim.

 

O jovem de óculos olhou para os outros três homens, quando percebeu que estes trocaram um rápido e estranho olhar, entre eles. Não pareciam estar muito confortáveis ​​com o assunto.

 

- O que é que foi isso?

 

- Como assim? O que foi o quê?

 

- Vocês três estão escondendo alguma coisa de mim, não é? O que aconteceu?

 

O estranho olhou para os amigos, como se esperasse uma pista sobre o que dizer.

 

- Ele sabe do uso do ‘Oblívio’ e que, obviamente, foi um ingrediente adicionado na cápsula, antes de ser mandado de volta ao vosso passado, ou seja, ao nosso presente.

 

- Então, vejo que  é mais do que hora de falarmos a verdade.

 

***

 

- Mas por quê?

 

- Eles sentiram que tu irias quebrar a regra universal mais sagrada.

 

- Eu fiz algo errado?

 

- Na verdade, não. Mas acabou dizendo à Leona que o Supremo explodiria o planeta.

 

- Oh. E isso faz algum sentido? Ele faria algo assim?

 

- Não é provável, eu acho. Ele não pode fazer isso, sem a aprovação de todo o Conselho.

 

O homem de pele clara e o outro jovem falaram, ao mesmo tempo:

 

- Mas ele vai!

 

- O quê?

 

- Ele vai, definitivamente, destruir o planeta.

 

- Quando? Por quê? Como ele faria isso e como vocês podem ter tanta certeza?

 

- Foi assim que vim parar aqui, neste tempo e espaço, numa cápsula que foi enviada de volta ao passado, no momento em que o planeta explodiu. Ele me mandou para cá... E eu não viajei sozinho...

 

***

 

- O que essa gente quer?

 

- Eles não são, definitivamente, boa gente. Além de terem muito dinheiro, são donos de uma das mais influentes Indústrias Farmacêuticas, que tem poder para controlar o presente e, provavelmente, o futuro da humanidade. Eles assassinaram o outro passageiro, sem nenhum escrúpulo. Se conseguirem acesso ao portal, eles terão ainda mais poder e podem mudar muitos acontecimentos no futuro e… no passado... ou a qualquer momento... Eles transformariam este mundo em um caos completo, já que se colocam acima de toda e qualquer lei.

 

- Precisamos agir imediatamente. Vamos. Acho que estaremos protegidos no meio da mata...

 

- Então, qual é o plano?

 

- Precisamos chegar às instalações antes que o Supremo consiga o que quer. Caso contrário, estaremos perdidos no meio do nada, assim como o planeta, que será completamente reduzido a cinzas e poeira cósmica.

 

- E se chegarmos tarde demais?

 

- Eles estão esperando por nós. Não será tarde demais... Talvez tarde, mas não tarde demais... Precisamos falar com Leona, ou com o pai dela... Ou com os dois...

 

- Primeiro, falamos com os cientistas… Leona usou o ‘Oblivion’ contra ele, lembram?

 

Ele apontou para o homem de óculos.

 

- Ela é muito fiel ao Supremo... Vai precisar ser convencida, primeiro, e temos pouco tempo para isso.

 

- E se vocês falharem?

 

- Então nosso destino está selado. Mas devemos tentar. É nossa única hipótese.

 

Os quatro homens entraram no bosque e encontraram uma pequena clareira, onde juntaram as duas partes do portal e, com uma chave trazida pelo viajante, uma porta curiosa se abriu, como por mágica. A grande diferença era que a magia era ciência pura, ainda não disponível na atualidade. Aquela tecnologia, em mãos erradas, seria um desastre para o mundo.

 

Os dois clones, semelhantes em aparência e propósito, se voltaram para os dois jovens e se prepararam para partir.

 

- Temos pouco tempo. É melhor irmos. Vocês vão ficar bem!

 

O som de um carro parando e de passos rápidos a se aproximar, colocaram todos em estado de alerta.

 

- Rápido. Vão!

 

Eles correram portal adentro, sem terem tempo de se despedirem adequadamente. O portal fechou, imediatamente, quando eles o cruzaram. Os dois jovens fugiram para a direção oposta, escondidos pelas árvores e pela mata, enquanto dois homens, vestidos de preto, chegavam à clareira, uma fração de segundo tarde demais.

 

- Essa não! Nós perdemos tempo! Estamos com um problema enorme, agora! O diretor nos vai matar.

 

- Vamos voltar! Temos que relatar o que aconteceu, imediatamente!

 

***

 

- Achas que eles chegaram a tempo de impedir o desastre?

 

- Acho é que nunca saberemos…

 

- Pois. Provavelmente não. Eu gostaria de pensar que eles conseguiram consertar as coisas, como previsto.

 

- Não era uma tarefa fácil... Mas valia a pena tentar...

 

- O que fazemos agora?

 

- Vamos voltar para casa... Não há mais nada que possamos fazer, a respeito daquilo... Eu li sobre um ‘geocache’ escondido no outro farol... Temos que parar lá e verificar.

 

O rapaz de óculos arregalou os olhos.

 

- Tu deves estar brincando comigo! Quero ficar longe dos ‘caches’... por um bom tempo... Vamos voltar para casa!

 

Os dois jovens entraram no jipe. A noite caía lentamente. A luz vermelha, no farol, piscou, cúmplice, quando eles passaram de carro, como se a convidá-los a voltar...

 

***


domingo, 16 de agosto de 2020

Time Traveller. Epilogue. The Caches. The Portal


 - For heaven’s sake, man, how many of you are there, after all? Do you all look like this?

- We are a group of clones from the same original DNA. That’s why we look so much alike. We were thirteen… in principle…

- Oh, my sweet Lord!

The three friends looked at each other. Was History repeating itself… in the future? Or were they just playing it over and over again?

- What are these false ‘caches’, after all? They are certainly parts that match together, as far as we could find out.

The sudden change in the subject was more than welcome.

- Yes, they are. They are two parts of a single portal, placed separately, on purpose. They were not supposed to be used by anyone but the messenger… Me, in this case… They were left here for one specific purpose: the mission, I have come for, as you might have noticed already.

The three friends were not surprised at all. That conversation developed as an interesting series of mysteries unsolved, soon to be explained.

***

- The past, as well as the future, belong in where and when they are originally. They must neither be touched, nor changed, in any way. That’s a sacred rule and ought to be respected, above everything and all other existing laws, otherwise an unlimited chaos is the result. When there is a risk that this decree is being broken, the only way to interfere is to use a subterfuge.

- Oblivion…

- That’s correct. And then the portal to that opportunity is closed, so it will never arise or open again.

- How?

- It is completely destroyed at once.

- But there can be others…

- Time portals are not open unless there is a reason… And only the council and the Supreme can authorize the creation and opening of a new one. There must be a very good reason to come back to the past and the traveller must always come back using the same means.

- And there is a reason, right now, I guess.

- Yes. There is a reason… a good reason…

Anticipation was stamped on the three men’s faces. The traveller looked straight at the pale skinned man.

- There is a very good reason, indeed!

***

- I was sent here, by the scientists, to look for and take you back to the future, where you really belong in. It was not easy to find you, as I thought it would be when I arrived…  I have left some clues, but they’ve never been used. It seems, however, that someone else might have found them and started looking for the pieces that were prudently placed apart from each other.

- I read a post that there was supposedly a false geocache in the lighthouse…

- And I saw the one about the mill.

- Someone else must have read about them and wanted to verify what they were all about.

- I don’t think it was an innocent search. These people know what they are looking for.

- And that is…?

- Let’s get out of here. I’ll explain everything on the way.

***

- When you were sent back to the past, there was… there will be… whatever… a rumour about your presence there. Some say you’ve saved the future of humanity, some say you brought a critical suspicion about the intentions our Supreme Chief had about the planet itself.

- Maybe both things…

The man with pale skin spoke with a tone of voice that was very grave.

- And what do they say about the vaccine?

- The vaccine works well. Everything is under control.

- Well, it seems the voyage was worthwhile, after all.

- It looks like it, indeed.

The young man wearing glasses looked at the three men. He caught a glimpse of a strange gaze amongst the other three men. They did not seem to be very comfortable with the subject.

- What was that?

- What do you mean? What was what?

- You three are hiding something from me, aren’t you? What happened?

The stranger looked at the friends, as if waiting for a clue on what to say.

- He knows about the use of Oblivion and that it was obviously an ingredient added in the capsule before he was sent back to your past, that is, our present.

- Then it’s more than time for the truth.

***

- But why?

- They sensed you were going to break the most sacred universal rule.

- Did I do anything wrong?

- Not really. You just told Leona that the Supreme would explode the planet.

- Oh. And does it make any sense? Would he do something like that?

- Not likely, I guess. He cannot do that without the approval of the whole council.

The pale skinned man and the young man spoke at the same time:

- But he will!

- What?

- He will definitely destroy the planet.

- When? Why? How will he do that and how can you be so sure?

- That was how I landed here in this time and space, in a capsule that was sent on a trip back to the past, at the moment the planet exploded. He sent me here… And I did not come here alone…

***

- What do these people want?

- They are evil, rich and they control one of the most powerful Pharmaceutical Industries that  rule over the present and probably the future of mankind. They killed the other passenger. If they get access to the portal, they will have even more power and they can change the things in the future and past… or at any time… They would transform this world in complete chaos.

- We need to act immediately. We will be protected in the woods…

- So, what is the plan?

- We need to reach the facilities before the Supreme gets what he wants. Otherwise we will be lost in the middle of nothing, as well as the planet, which will be completely blown to ashes and cosmic dust.

- What if we get there too late?

- They are waiting for us. It will not be too late… Maybe late, but not too late… We got to talk to Leona, or her father… or both…

- First the scientists… Leona used the Oblivion against him, remember?

He pointed to the man wearing glasses.

- She is too faithful to the Supreme… she must be convinced first, and we have little time.

- What if you fail?

- Then our fate is sealed. But we must try. It is our only chance.

The four men got into the woods and found a small clearing where they put the two parts of the portal together and, with a key that was brought by the traveller, a curious door opened, as if by magic. The difference was that the magic was pure science, not yet available in the present time. That technology in the wrong hands would be a disaster to the world.

The two clones, similar in appearance and purpose, turned to the two young men and got ready to depart.

- We have little time. We better go. You will be OK.

The sound of a car stopping and the quick steps running closer put everyone in state of alert.

- Quick. Go!

They made it to the portal, running and without a proper goodbye. The gateway closed immediately as they crossed it. The young men ran away to the opposite direction, hidden by the trees and grasses, while two men dressed in black got to the clearing a fraction of a second too late.

- Fuck! We missed it! We are in big, big trouble now! The director is going to kill us.

- Let’s go back! We must report it immediately!

***

- Do you think they got there in time?

- I guess we will never know, will we?

- Probably not. I would like to think they fixed the things properly.

- Not an easy task, however… but worth the try…

- What do we do now?

- We go back home… There is nothing we can do about those things anymore… I read about a cache hidden in the other lighthouse… we must stop there and check it.

The young man wearing glasses opened his eyes wide.

- You must be kidding me! I want to be away from caches…for a time… Let’s just go back home!

The two men got in the Jeep. The night was falling slowly. The red light flickered in the lighthouse, when they drove past, as if blinking invitingly to them.

***

domingo, 9 de agosto de 2020

Viajante do Tempo. Parte 3. O Moinho. Os Geocaches. Encontros.

  


O policial segurava, firmemente, o braço do jovem de óculos. O homem que eles presumiram ser da empresa de segurança estava ao seu lado.

 

- O que você faz aqui?

 

- O mesmo que todas essas pessoas. Estou curioso sobre o que aconteceu por aqui.

 

- Eu conheço você. Tenho certeza de que já o vi antes.

 

O homem de óculos fingiu ser apenas um turista e rejeitou a afirmação do segurança.

 

- Não é possível. Eu não sou daqui. Estou apenas passando o dia na praia. O moinho foi roubado?

 

- Acha que é engraçado?

 

- Nem um pouco, senhor. Todavia, numa aldeia pequena como esta, até um roubo é um grande acontecimento, sabe?

 

- Achei que havia dito que não era da região.

 

- E não sou. Mas é fácil chegar à esta conclusão, não?

 

- Deixe que eu cuido dele.

 

O segurança agarrou o braço do jovem, com um aperto tão forte, que parecia uma poderosa garra.

 

- Ei, me solta. Eu não fiz nada!

 

Ele falou em voz alta e isso fez com que as pessoas que estavam por perto virassem a cabeça na direção de onde vinha o conflito. Olhando em volta, ele viu seus dois amigos se aproximando, prontos para ajudar. Ele balançou a cabeça, desencorajando-os. Eles logo perceberam a mensagem e se afastaram, observando de uma distância segura, junto com os demais moradores, que começaram a formar um círculo ao redor deles.

 

O segurança, evidentemente maior e mais forte, tentou puxar o jovem para longe, sob óbvio e ruidoso protesto, atraindo, mais atenção para eles do que antes. A pequena multidão logo cercou completamente os três personagens, que estavam naquela discussão, cada vez mais acalorada.

 

O moinho, cuja porta havia sido arrombada, fora esquecido por um ou dois minutos.

 

Era uma oportunidade a ser aproveitada, antes que alguém voltasse a lembrar do acontecimento. O homem de pele muito pálida entrou no prédio e subiu os degraus, até o andar superior. Poucos minutos depois, descia as escadas, quase despercebido e saía pela porta aberta e completamente esquecida.

 

***

 

- Foi uma jogada insana, mas muito corajosa.

 

- Eu tenho de concordar contigo. Eu não poderia deixar aquela oportunidade ser desperdiçada. Não seria justo, depois de todo o trabalho que tivemos.

 

- Verdade!

 

- Vamos. Precisamos ajudar nosso amigo, agora.

 

- Conseguiste alguma coisa lá de cima, afinal?

 

O homem de pele pálida sorriu recatadamente.

 

- Falaremos sobre isso mais tarde. Vamos ajudar nosso amigo. Tenho um argumento bom e convincente. Se eles quiserem levar um, terão de levar todos nós. Vamos fazer a multidão entrar nisso connosco e trazê-los para o nosso lado.

 

- Tu és absolutamente louco, meu amigo, mas essa é uma ótima ideia!

 

Em meio à toda aquela turbulência, a estratégia funcionou e a pequena multidão não permitiu que a polícia e o segurança levassem o jovem de óculos com eles e ele foi logo liberado. Mas os dois homens não ficaram nem um pouco felizes.

 

Temendo pela própria segurança, os três amigos saíram o mais prontamente possível. Ainda havia muita coisa a ser resolvida e eles precisavam agir imediatamente.

 

***

 

O jipe contornou a rotunda e rumou para a saída à direita. Estavam de volta à A28, em direção ao sul.

 

- Eles não estariam lá sem motivo algum. A ação foi muito imediata…

 

- Foi o que eu pensei.

 

- Esse incidente apenas confirmou minhas suspeitas.

 

- Ainda falta uma peça nesta história ...

 

- Sim. O homem de fato de treino escuro, com capuz...

 

- O que ele quer, nós meio que já sabemos... O que precisamos perceber é quem ele é e o que sabe...

 

- E se ele é amigo ou inimigo...

 

- Uma coisa é verdade: estamos um passo à frente dele, ainda... Mas precisamos visitar aquele farol, novamente, na cidade... E tem de ser imediatamente!

 

Os dois amigos olharam para o homem de pele pálida, que segurava, nas próprias mãos, o falso "geocache", que havia retirado do moinho.

 

***

 

- Essa não! O que pode ter acontecido aqui? Eu não consigo mais encontrar. Onde é que foi parar?

 

- O que? Como assim, não consegue mais encontrar?

 

- Acho que sei o que pode ter acontecido. Eu me pergunto se...

 

- Achas que ele chegou aqui antes de nós?

 

- Sim, eu acho.

 

- E o que vamos fazer agora?

 

- Não sei, mas se ele ainda não percebeu, logo descobrirá que nós temos a outra peça desse ‘puzzle’ e talvez chegue à sensata conclusão de que precisaremos trabalhar juntos, caso contrário outra pessoa pode...

 

- Tu não podes estar a falar sério. Ele não é um amigo, pelo que pudemos perceber.

 

- Não sabemos ainda ...

 

- Então o que ele é? Quem ele é?

 

- Pense comigo: se ele fugiu da polícia e do segurança, daquele jeito, ele não é nosso inimigo, de jeito nenhum...

 

- Bem, ele invadiu o moinho, não foi? Isso não é um procedimento nada inocente. Ele sabia exatamente o que estava fazendo.

 

- Temos de encontrar aquele homem e obter algumas respostas, para todas essas perguntas.

 

- Mas como? Como podemos encontrá-lo, no meio desta cidade? Não temos ideia de onde ele está e nem como entrar em contato com ele...

 

- Precisamos achar uma maneira. Eu me pergunto se há um jeito de nos comunicarmos... Ele pode não estar longe de nós... daqui... disso tudo...

 

- Vocês estão certos!

 

Os três homens se viraram, ao mesmo tempo. Um homem, vestindo um fato de treino escuro e com capuz estava parado à porta do farol. Seu rosto estava na sombra.

 

- Esse 'cache' não está mais aí, como vocês já devem ter percebido, com certeza. Eu estava esperando por vocês!

 

- O quê?

 

- Não vai ser eficaz lutarmos um contra o outro. Não faz sentido. Temos de trabalhar juntos e rápido. Essas pessoas são perigosas e querem o mesmo que nós, mas com uma intenção diferente. E eles estão cada vez mais perto...

 

- E quem és tu, oh, caral... quer dizer, quem diabos é você?

 

O homem baixou o capuz e descobriu, totalmente, a cabeça. Os três amigos ficaram pasmos.

 

- Como isso pode ser possível?

 

***