O
policial segurava, firmemente, o braço do jovem de óculos. O homem que eles
presumiram ser da empresa de segurança estava ao seu lado.
-
O que você faz aqui?
-
O mesmo que todas essas pessoas. Estou curioso sobre o que aconteceu por aqui.
-
Eu conheço você. Tenho certeza de que já o vi antes.
O
homem de óculos fingiu ser apenas um turista e rejeitou a afirmação do
segurança.
-
Não é possível. Eu não sou daqui. Estou apenas passando o dia na praia. O
moinho foi roubado?
-
Acha que é engraçado?
-
Nem um pouco, senhor. Todavia, numa aldeia pequena como esta, até um roubo é um
grande acontecimento, sabe?
-
Achei que havia dito que não era da região.
-
E não sou. Mas é fácil chegar à esta conclusão, não?
-
Deixe que eu cuido dele.
O
segurança agarrou o braço do jovem, com um aperto tão forte, que parecia uma poderosa
garra.
-
Ei, me solta. Eu não fiz nada!
Ele
falou em voz alta e isso fez com que as pessoas que estavam por perto virassem
a cabeça na direção de onde vinha o conflito. Olhando em volta, ele viu seus
dois amigos se aproximando, prontos para ajudar. Ele balançou a cabeça, desencorajando-os.
Eles logo perceberam a mensagem e se afastaram, observando de uma distância
segura, junto com os demais moradores, que começaram a formar um círculo ao
redor deles.
O
segurança, evidentemente maior e mais forte, tentou puxar o jovem para longe,
sob óbvio e ruidoso protesto, atraindo, mais atenção para eles do que antes. A
pequena multidão logo cercou completamente os três personagens, que estavam
naquela discussão, cada vez mais acalorada.
O
moinho, cuja porta havia sido arrombada, fora esquecido por um ou dois minutos.
Era
uma oportunidade a ser aproveitada, antes que alguém voltasse a lembrar do
acontecimento. O homem de pele muito pálida entrou no prédio e subiu os degraus,
até o andar superior. Poucos minutos depois, descia as escadas, quase
despercebido e saía pela porta aberta e completamente esquecida.
***
-
Foi uma jogada insana, mas muito corajosa.
-
Eu tenho de concordar contigo. Eu não poderia deixar aquela oportunidade ser desperdiçada.
Não seria justo, depois de todo o trabalho que tivemos.
-
Verdade!
-
Vamos. Precisamos ajudar nosso amigo, agora.
-
Conseguiste alguma coisa lá de cima, afinal?
O
homem de pele pálida sorriu recatadamente.
-
Falaremos sobre isso mais tarde. Vamos ajudar nosso amigo. Tenho um argumento
bom e convincente. Se eles quiserem levar um, terão de levar todos nós. Vamos
fazer a multidão entrar nisso connosco e trazê-los para o nosso lado.
-
Tu és absolutamente louco, meu amigo, mas essa é uma ótima ideia!
Em
meio à toda aquela turbulência, a estratégia funcionou e a pequena multidão não
permitiu que a polícia e o segurança levassem o jovem de óculos com eles e ele
foi logo liberado. Mas os dois homens não ficaram nem um pouco felizes.
Temendo
pela própria segurança, os três amigos saíram o mais prontamente possível. Ainda
havia muita coisa a ser resolvida e eles precisavam agir imediatamente.
***
O
jipe contornou a rotunda e rumou para a saída à direita. Estavam de volta à
A28, em direção ao sul.
-
Eles não estariam lá sem motivo algum. A ação foi muito imediata…
-
Foi o que eu pensei.
-
Esse incidente apenas confirmou minhas suspeitas.
-
Ainda falta uma peça nesta história ...
-
Sim. O homem de fato de treino escuro, com capuz...
-
O que ele quer, nós meio que já sabemos... O que precisamos perceber é quem ele
é e o que sabe...
-
E se ele é amigo ou inimigo...
-
Uma coisa é verdade: estamos um passo à frente dele, ainda... Mas precisamos visitar
aquele farol, novamente, na cidade... E tem de ser imediatamente!
Os
dois amigos olharam para o homem de pele pálida, que segurava, nas próprias
mãos, o falso "geocache", que havia retirado do moinho.
***
-
Essa não! O que pode ter acontecido aqui? Eu não consigo mais encontrar. Onde é
que foi parar?
-
O que? Como assim, não consegue mais encontrar?
-
Acho que sei o que pode ter acontecido. Eu me pergunto se...
-
Achas que ele chegou aqui antes de nós?
-
Sim, eu acho.
-
E o que vamos fazer agora?
-
Não sei, mas se ele ainda não percebeu, logo descobrirá que nós temos a outra
peça desse ‘puzzle’ e talvez chegue à sensata conclusão de que precisaremos
trabalhar juntos, caso contrário outra pessoa pode...
-
Tu não podes estar a falar sério. Ele não é um amigo, pelo que pudemos perceber.
-
Não sabemos ainda ...
-
Então o que ele é? Quem ele é?
-
Pense comigo: se ele fugiu da polícia e do segurança, daquele jeito, ele não é nosso
inimigo, de jeito nenhum...
-
Bem, ele invadiu o moinho, não foi? Isso não é um procedimento nada inocente.
Ele sabia exatamente o que estava fazendo.
-
Temos de encontrar aquele homem e obter algumas respostas, para todas essas
perguntas.
-
Mas como? Como podemos encontrá-lo, no meio desta cidade? Não temos ideia de
onde ele está e nem como entrar em contato com ele...
-
Precisamos achar uma maneira. Eu me pergunto se há um jeito de nos comunicarmos...
Ele pode não estar longe de nós... daqui... disso tudo...
-
Vocês estão certos!
Os
três homens se viraram, ao mesmo tempo. Um homem, vestindo um fato de treino
escuro e com capuz estava parado à porta do farol. Seu rosto estava na sombra.
-
Esse 'cache' não está mais aí, como vocês já devem ter percebido, com certeza.
Eu estava esperando por vocês!
-
O quê?
-
Não vai ser eficaz lutarmos um contra o outro. Não faz sentido. Temos de
trabalhar juntos e rápido. Essas pessoas são perigosas e querem o mesmo que
nós, mas com uma intenção diferente. E eles estão cada vez mais perto...
-
E quem és tu, oh, caral... quer dizer, quem diabos é você?
O
homem baixou o capuz e descobriu, totalmente, a cabeça. Os três amigos ficaram pasmos.
-
Como isso pode ser possível?
***
Quem poderia, de alguma forma, imaginar?
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