sexta-feira, 20 de novembro de 2020
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
sábado, 14 de novembro de 2020
domingo, 8 de novembro de 2020
Draft Study of Light and Shade (Estudo de Luz e Sombra)
sábado, 31 de outubro de 2020
This Feeling
This feeling
That made its home
In my heart,
Fills my soul
With life
And yearning
And makes me want to be
Forever in your arms,
Warmed up
By your exquisite body,
Nourished by your kisses
And esteemed by your sweet
And affectionate gaze.
segunda-feira, 26 de outubro de 2020
sábado, 24 de outubro de 2020
Deuses do Mar
Uma brisa suave entrava pela grande porta de correr, que
ligava a varanda à sala de estar. Todas as janelas haviam sido abertas desde cedo,
naquele dia quente e ensolarado. Não havia uma única nuvem a manchar o intenso azul
do céu.
Depois de um leve e breve café da manhã, decidimos que íamos passar a maior parte do dia à beira-mar. Seria apenas uma curta viagem de carro até a praia mais próxima, onde poderíamos nos refrescar e relaxar juntos. Afinal, para que servem as férias de verão?
- Eu nasci na ilha, sabes disso. O oceano faz parte da minha existência desde que eu me conheço por gente.
- Tu és filho de um daqueles deuses do mar! Tenho certeza.
Ele disse aquilo e abriu seu largo, enigmático e adorável sorriso, que sempre fazia a tristeza desaparecer dos meus olhos, por um momento, como se nunca dantes tivesse ali estado.
- Meu ‘pai’, então, está muito sereno hoje. Até as ondas estão pouco agitadas, quase uma calmaria, no momento. Ele provavelmente me sente por perto...
- Eu pensei que o oceano fosse, de alguma forma, bem diferente disso. Eu conheço o Mar Mediterrâneo. Já estive lá algumas vezes, mas não é, definitivamente, assim. O oceano parece muito mais poderoso e a água é tão mais fria!
- É melhor ficarmos pouco tempo aqui no sol direto, pois não estamos acostumados e nossas peles são muito pálidas, para ficarem expostas assim a estes raios escaldantes.
- Eu, às vezes, duvido que tu tenhas, realmente, nascido na ilha...
- Quando eu era jovem, tive uma grave queimadura de sol e tenho muito medo de repetir uma experiência daquelas.
- Ah! Eu sei muito bem o que tu queres dizer. Cometi o mesmo erro quando estava no colégio. Podes-me ajudar com o protetor solar, então, por favor?
- Claro! Vira-te, um pouco.
O vento soprava forte, anunciando uma tempestade. As
ondas batiam, ruidosamente, na costa e nas rochas. Nenhum barco havia saído
para o mar. O céu, muito nublado, estava mais escuro que o normal, para aquela
hora do dia. Algumas bravas aves marinhas esperavam na praia, como se
estivessem contando os minutos para pescar, mas o vento não as deixava chegar muito
perto das águas.
Eu estava sentado, sozinho e em silêncio e sem nenhum pensamento sólido em mente. Gostava de estar ali, acompanhando o vai-e-vem das ondas, quase em transe, como se a esvaziar minha alma de todos os problemas. Estava tranquilo, por haver enterrado aqueles sentimentos pungentes do meu passado. Era incrível como eu havia mudado nos últimos meses.
Ouvi o trovão, ao longe, e levantei-me, pronto para sair da praia, antes que a chuva me alcançasse e caísse fria e pesada sobre mim.
Algo em minha mente, porém, me disse para esperar. Foi uma sensação estranha, como se alguém me estivesse chamando. Eu olhei em volta. O vento soprava cada vez mais forte e o oceano parecia mais selvagem.
Um cão corria ao longo da linha do mar, seguido por um menino de cerca de cinco anos, atento ao animal, mas totalmente alheio a qualquer perigo. O cão correu atrás de algumas das gaivotas que descansavam na areia, junto às rochas. O menino vinha, sorrindo e brincando, atrás de seu animal de estimação.
A chuva, como já devia ser esperado, caiu sobre todos nós. Os dois não pareciam se importar com nada, além de sua brincadeira.
O animal escalou o rochedo e acabou afugentando os pássaros, que lá estavam. Uma onda bateu, ruidosamente, contra as grandes pedras. Eu pressenti o perigo e corri, mas não fui rápido o suficiente.
O menino pisou na superfície molhada e escorregou. Ele tentou, mas não conseguiu agarrar-se a nada e foi abraçado pela onda que se seguiu. O pobre cão ficou totalmente perdido, tentando fazer alguma coisa, correndo e ganindo em desespero.
Antes que eu os alcançasse, o animal pulou no oceano, atrás do rapaz, que já não estava à vista.
Eu gritei, mas era tarde demais. Eles desapareceram em segundos, engolidos pelas águas frias e agressivas.
Eu não pensei muito. Apenas agi por instinto.
***
- O que foi
que tu fizeste?
Eu virei a cabeça.
- O que tu achas que eu fiz?
- Como foi que aquilo aconteceu?
Evitei a pergunta.
- Ele está vivo, não está? Ambos estão. É isto que importa, na verdade...
- Sim. Mas…
Eu olhei pra ele. Ele segurou meus braços, com firmeza e tentou falar devagar e com calma.
- Havia uma tempestade e o mar estava muito agitado. Como tu poderias retirá-los das águas, assim? Como aquela tempestade poderia, simplesmente, parar e o mar ficar tão plácido?
Evitei seus olhos.
- Eu não sei. Como eu iria saber?
Fechei meus olhos e as memórias vieram rápidas na minha mente. Quando os abri de volta, seus olhos estavam fixos nos meus. Decidi que não poderia evitar os fatos, nem a verdade, então falei.
***
- Meu pai...
me ajude!
Saltei das rochas, para dentro do mar. Senti como se o tempo tivesse parado. As águas, de repente, se acalmaram e as ondas quase desapareceram.
Eu vi o menino e seu cão bem perto. O animal arrastava o dono pela camisa e vinha na minha direção, como se soubesse que eu estava ali para tirá-los do perigo que corriam. Ambos haviam engolido bastante água e o menino estava quase inconsciente.
Ele tentava respirar. Eu o puxei de volta para a praia e massageei seu peito, mantendo seu rosto virado para o lado. Ainda quase inconsciente, ele expeliu um pouco de água, tossiu e aquilo deixou seu rosto mais corado.
O cão saltava ao nosso redor, ganindo e inspecionando o amigo com o focinho.
Eu ouvi alguém gritando. Dois homens vinham de direções diferentes. Um deles eu conhecia muito bem.
O homem se aproximou do menino e segurou-o contra seu peito. Aparentemente, havia-me visto salvando seu filho...
O rosto amigável do outro homem estava voltado para mim, com seus curiosos olhos azul-esverdeados, muito abertos.
Olhei para o mar, que voltou ao seu estado normal, quase que imediatamente. A tempestade se fora. Ao longe, a espuma branca das novas ondas desenhava figuras engraçadas na água. Uma onda específica parecia ser mais alta que todas as outras. De repente dissolveu-se e deixou a superfície da água quase intacta...
Sorri para mim mesmo e encarei meu melhor amigo, que estava parado ao meu lado.
Ele olhava para mim, seriamente, com seus olhos brilhantes muito arregalados.
***