sábado, 2 de setembro de 2017

O Décimo-Terceiro (Parte 3)


Era tarde da noite, no subúrbio da cidade. As silhuetas de duas pessoas, com aparências muito dissimilares, moviam-se em meio às sombras, por entre as ruelas e os becos. Algumas pessoas ainda caminhavam na rua, outras conversavam alegremente, dentro dos bares e restaurantes. Estava uma perfeita noite de Outono, sem ser fria e até bastante agradável. Ao homem mais forte, aquela temperatura era ideal, porém o seu companheiro estava desconfortável, sentindo seu corpo pálido e frágil tremer de frio.

- Vamos por ali. Não devemos estar longe, agora. Só espero não dar um susto demasiadamente grande ao velho.

O outro olhou para ele, sem perceber muito bem o que aquilo, realmente, significava e continuou seguindo ao seu lado, por trás de uma grande casa, que cobria um quarteirão inteiro, na parte mais afastada da vila. Atrás dela, havia um parque com brinquedos e, depois, um grande pátio.

Quando atravessavam uma área bastante arborizada, o movimento que fizeram para afastar os galhos das árvores provocou um efeito surpreendente em alguns dos moradores temporários do bosque. Um farfalhar colorido impressionou o clone, mas irritou o homem que o conduzia, por aqueles caminhos obscuros, na noite fresca de Outono.

- Oh! O que é isso?

- São borboletas. Monarcas, mais especificamente…

- Que interessante… São tão…

Faltaram-lhe palavras. Não conseguia, com seu pouco tempo de vida, dizer o que sentia, em relação à beleza, uma das poucas coisas que o impressionaram.

- … irritantes, quando voam assim à nossa volta. Não devemos fazer muitos movimentos, pois qualquer coisa pode levantar suspeitas e nos colocar em perigo. Temos que manter nossa presença a mais discreta possível.

O clone olhou o homem, que se irritava com tamanha beleza e não compreendeu a razão dele não apreciar aquele momento incomum. O rapaz puxou-o pelo braço, sussurrando, irritado.

- Vamos! Cada minuto que perdermos é precioso demais e vai-nos fazer falta. Ainda vais saber mais sobre as Monarcas, se tiveres tempo… Agora vamos!

Chegarem, finalmente, à entrada de um túnel, escondida na parte de baixo de um edifício. Dali, após passarem por outra série de túneis, emaranhados numa rede bastante intrincada, chegaram, finalmente, a um pequeno e velho galpão, construído nas traseiras de uma casa comum.

Uma luz acesa mostrava que havia alguém dentro da casa. Os dois tiveram o cuidado de manter-se nas sombras, até que tivessem certeza que ninguém os via. O silêncio deu-lhes a certeza que não havia perigo. Os dois avançaram e foram até a porta. O homem mais forte deu uma batida na porta, com os nós dos dedos. Depois, uma parada e, a seguir, duas outras batidas, seguidas de um curto espaço. Era o código que havia sido combinado. Ao ouvir o som de passos, no lado de dentro, ele sentiu uma apreensão esquisita.

Um homem de meia-idade abriu a porta, mas sua expressão logo mudou, para um misto de preocupação e medo. O que aqueles dois estranhos faziam ali à sua porta, usando o código combinado, era uma incógnita. O homem mais forte lembrava-lhe alguém conhecido, mas ele não conseguia saber quem.

- Em que posso ajudá-los?

O homem mantinha a porta meio aberta, tentando controlar a situação. Percebia que estava em desvantagem, mas tinha que tentar intimidar os visitantes, que mantinham-se, um pouco, à sombra da noite.

- Podemos entrar? É importante.

- Não. Não podem, sem dizer-me quem são e o que querem.

 O rapaz avançou um passo e o homem agarrou a porta, tentado fechá-la, antes que perdesse o controlo, mas sua força nem se comparava à daquele jovem.

- Pai?

O homem arregalou os olhos. Não contava com aquela. Ele não tinha nenhum filho daquela idade, com certeza absoluta. Os olhos do rapaz, porém, quando foram atingidos pela luz de dentro da casa, mostraram-se tão verdes quanto os do filho, mas ele refutou aquela característica comum, de imediato.

- Meu filho é mais jovem e eu tenho certeza absoluta que nunca tive outro. Não sei quem tu és e nem o que tu queres, mas não vais conseguir nada comigo.

- Eu sei que parece inacreditável, mas se eu puder explicar… Deixa-nos entrar, por favor. Todos nós corremos perigo.

O homem ficou muito sério. O rapaz tentou uma última cartada.

- Olha isso! Acreditas em mim, agora?

O homem puxou a porta, abrindo-a com cuidado, de modo a deixar os dois visitantes entrarem. Até então, mal havia notado as características do homenzinho, que ele agora observava, com cuidado. Ele era extremamente pálido, jovem, muito longilíneo e parecia ter a cabeça desproporcionalmente maior do que aqueles com quem ele costumava estar. Sua pele parecia muito fina. Os olhos verdes faziam-no lembrar de alguém, mas ele não percebeu bem, no início. Estava, agora, mais ocupado em poder examinar a anomalia que o outro mostrou naquele ser estranho e que ele já havia visto antes, em seu próprio filho.

- Como isso pode ser possível?

- Eu acredito que a resposta esteja aqui, neste tempo. Por isso precisamos de sua ajuda.

Os três voltaram-se para um ponto na sombra, atrás do velho homem, de onde veio a voz feminina.

- Leona? O que aconteceu contigo? Estás tão diferente…

- Todos nós estamos, pai, mas…

- Tu não devias ter vindo.

- E deixar-te causar uma catástrofe? Este teu comportamento intempestivo já nos colocou em problemas… Nós temos que interferir o mínimo possível com este tempo e lugar. Tudo o que nós fizermos aqui, vai interferir naquele mundo, com toda certeza.

- Que mundo? Alguém pode explicar-me esta confusão toda?

Antes que o irmão começasse com verdades impróprias, Leona adiantou-se. Ela teve mais cuidado em usar as palavras e dizer apenas o que não fosse mudar, muito, o curso dos acontecimentos, mas o pai tinha que saber o que aconteceu… ou ia acontecer…

O cientista ouviu, calado, mas não sem deixar de impressionar-se.  Nunca iria imaginar quão importantes suas pesquisas se tornariam no futuro. Na sua modéstia e simplicidade, por trás de toda a genialidade, ele não anteviu que seu trabalho traria tanto benefício à humanidade… ou pelo menos à uma parcela dela…

***

- Pai, o chefe dos cientistas, que é um homem muito experiente e competente, não conseguiu descobrir o que causou aquela anomalia no clone. A preocupação é que ela seja grave e que coloque em risco uma boa parte dos que vierem a nascer, como se fosse uma epidemia, difícil de controlar. Algum elemento na vacina deixou de fazer efeito, ou houve uma mutação qualquer.

- Eu trouxe uma amostra da nova vacina, que está em teste, para analisar. Quando aconteceu comigo, como foi que o pai reverteu o efeito? Não foi encontrada nenhuma anotação sobre isso nos dados de registos existentes no futuro.

- Eu sei. Eu nunca deixei nada disso escrito nos registos oficiais. Fiz apenas umas poucas anotações no meu diário, que mantenho longe das vistas de todos. Mas eu sei o que fazer… Não faz tanto tempo assim que eu lidei com isso. Mas vamos ter que ir ao laboratório da Universidade, fazer uns testes. Nós já havíamos eliminado a… err… Não sei se vai resultar com um clone, cujo ADN já deve ter sofrido muitas mutações, nem sei que tipos de reações podem ocorrer, mas temos que tentar.

Antes de saírem, porém, o homem olhou os três visitantes e, franzindo o cenho, perguntou, com ingenuidade de criança.

- Para que são criados os clones, afinal?

Os três olharam para o velho cientista, como se ele tivesse dito um impropério. Leona riu, com ternura e disse-lhe:

- Eu tento explicar a caminho…

***

- O que é isso? É tão agradável…

- É música. Vamos.

- De onde vem?

- Ora, vamos! Depressa! Não temos tempo para isso.

O pai, bem mais paciente que o filho, tentou explicar de uma maneira mais ou menos coerente:

- A música é a linguagem com a qual as almas dos homens conversam com as dos deuses. Ela é capaz de tocar o mais intangível ser. Existem muitas formas e muitos estilos diferentes. Essa, que tu ouves, é de um artista famoso, que já não caminha nesta terra.

- Não? Onde ele caminha, agora?

- Está morto. Chamava-se David Bowie. Vem do bar do clube ali na frente, mas devemos evitar passar por lá. Não podemos levantar suspeitas…

- Temos que arranjar um nome para ti. Se alguém nos abordar, será a maneira mais conveniente… e apropriada. Não devemos correr riscos desnecessários.

- Eu sou o Décimo-Terceiro.

- Mas isso não é um nome decente, para este lugar. Temos que arranjar outro; mais comum e adequado…

- Pode ser David Bowie?

Leona riu alto.

- Pode ser David. Esquece o Bowie. Vai levantar mais suspeitas, se for usado aqui.

***

O campus da universidade estava praticamente deserto, quando eles chegaram. Havia, na entrada, uma carrinha branca, parada, próximo à área de pesquisa, onde o laboratório ficava localizado. As letras N. M. E., pintadas em vermelho, nas laterais, não levantaram suspeitas, quando os quatro personagens desceram o lance de escadas, que os levava ao seu destino. Assim que o cientista tirou a chave do bolso e girou na fechadura da estreita porta metálica, ouviu-se um silvo e uma marca profunda ficou gravada acima de sua cabeça, no duro metal, pintado de cinza claro. Eles se jogaram para dentro, fechando a porta, em seguida, para ganhar tempo, e foram, correndo, para o Laboratório Principal.

- Quem são esses? Estamos a ser atacados por armas de fogo. Temos que fugir e tentar chegar de volta ao terminal. Vamos todos. Corram!

Ao entrar no laboratório, apressaram-se a arrastar um grande armário e bloquear a porta.

- Temos que usar a saída de emergência, que fica no fundo do laboratório. Vou mostrar-lhes o caminho. Vocês apressem-se, depois que passarem e vão em frente, até o fim do corredor. Entrem pela porta onde está escrito “Para o telhado” e, ao invés de subir, passem por baixo das escadas. Há uma outra porta lá, no fundo do depósito de vassouras e materiais de limpeza, pintada da mesma cor das paredes, para dificultar ser encontrada. Eu tenho que pegar minhas anotações.

Naquele momento ouviram um grande estrondo. A porta da frente havia sido arrombada com explosivos. Os sons de passos, a correrem pelo corredor, muito próximo deles, fê-los entrar em pânico e imaginarem um apressado plano de fuga.

- Não há tempo para voltar. Temos que sair daqui, o quanto antes. Eles já estão vindo atrás de nós…

- Mas é extremamente importante… está mesmo na gaveta da escrivaninha…

O rapaz sabia que o pai tinha razão. Era extremamente importante buscar as informações, para cumprir o objetivo da viagem no tempo, que acabaram por fazer. Sem pensar muito, ele dispôs:

- Eu volto. Sou mais rápido e mais forte. Posso defender-me melhor e, além do mais, quando chegarmos ao terminal, não podemos voltar os quatro, ao mesmo tempo. A programação estará feita para três, somente…

- Nós podemos mudar a programação.

- Se tivermos tempo… Melhor nos apressarmos. Eu saio e, depois, volto pela frente. Não esperem por mim. Deixem, que eu dou um jeito. Se o portal não estiver aberto, eu espero por um sinal.

- Nós mandamos um, assim que chegarmos, programando o terminal para um passageiro, somente… Assim, ele fecha quando tu passares e não trazemos mais perigo junto connosco.

- OK. Agora, vamo-nos separar.

Leona sentiu um aperto no peito. As coisas haviam saído fora do controlo. Toda a operação ficara arriscada demais e, agora, lutavam por manter-se vivos. Eles tinham a dianteira e sabiam o caminho, mas tinham que ser rápidos e insuspeitos, até atingir o terminal.

Ouviram uma série de tiros. Que forma mais eficiente e perigosa de apressar as coisas e os passos…

sábado, 26 de agosto de 2017

The Thirteenth (Part 2)


Leona walked down to the end of the long corridor and carefully opened the door. The man who was there was busy with the archiving of the latest DNA analysis processes. It had been a long time since anyone, apart from him and the lab chief, had come in that part of the building. The man raised his head and met the familiar smiling face of the exquisite looking woman, his sister. He spoke in the official language of that world, to the Anno Domini of 4697.

- Well, well. What are you doing here, in this place so little treaded on by the people of the warmer areas? It must be a very serious thing, to have taken you out of the comfort of your life and come on such an unusual journey.

- Don’t be ironic. Things are not as they used to be. We've had a lot of changes since you were gotten out of there. You should be grateful to have your life saved.

- I've never asked for anything. It was better if I was left to die...

Leona pretended not to hear that last comment and ignored her brother's irony.

- I need your help. This is really serious.

- I understand it must be. But I do not know if I'm willing to get involved in your problems. Don’t count on me or my help...

- In the name of our father...

- Don’t talk about our father. He died because of you. What I´ve been through was also because of you. And being here, in this meaningless life, is also your fault, so don’t involve our father's name in this and do not you ever ask for anything in his name. You have no right to do so.

- We've talked about this already. I know the impression I left was that I went away, when I was most helpful to our father, but that was not what really happened...

- I don’t want to know. You can go back to the place you came from, as there is nothing remaining in me that could be considered as empathy or solidarity... neither with you nor with anyone else. Go away from here.

- I cannot leave without telling you what's going on.

- Damn, woman! Haven’t I told you I don’t want to hear it. Go away. I went through hard times to save you and what did I get out of it? Exile and contempt! Do you think I have any reason to help you?

- Save me, killing the man I loved? Is that your idea of ​​salvation?

- It was the only way to save you from that spell, for a man so very different from us: a freak! I don’t regret what I did and would do it again if necessary...

The woman turned pale and dryly swallowed her disappointment and anguish. She turned around to leave the room, but stopped at the door and said, low, almost as if to justify herself.

- He has the same reaction you did when our father started testing the first vaccines on us... I thought you could be sympathetic to it, so we could solve the case, but I was mistaken... for a change...

She left without looking back. The man stared at the emptiness, thinking of a time that existed in his past and in another era, in another place and in another circumstance.

He got up slowly and went through the corridor in the direction of the main lab. His sister was no longer in sight.

***

- You should have known better. What were you expecting him to do?

- I hoped he could at least hear me or help us sort this out…

- It's not his function to help or solve any problem. He's fine where he is. He has learned other things besides his work. We must deal with it, without his or anyone else's help...

- I know that, now. It was a stupid mistake...

- Maybe not. It was just naivety or, perhaps, the deceiving hope to solve things in an unreasonable way. This romanticism no longer fits in this age and in this place... We have more urgent things to solve.

The woman lowered her head. She recognized that she was being impractical. She also admitted that she was behaving like a romantic and inadequate scientist. She thought about how she ended up in that place and the most important person in her life, as well as her father and brother. She was about to collapse in tears, but she had to be strong for her own sake.

The little man pretended not to notice that Leona was struggling to fight her own ghosts. She was now a very different woman from the one who had come to that place a long time ago.

She took a deep breath and decided to leave the matter with who could deal with. It was time to go back to her place. She entered the transport terminal and waited for the portal to open. She still took one last look at the chief scientist, who was seriously looking where he was dematerializing.

She did not realize that the door to the laboratory was open at that very moment, and that a man, very different from the one she had been talking to, was coming into the room.

***

Leona arrived at the Stellar Station a few seconds after leaving the Glacial. She was serious and tired. The conversation had been nothing like what she had thought and planned to be and she felt cheated by her own naivety.

After a few minutes, she would contact the two scientists to report on what she had accomplished as a result of her journey.

The two arrived in a few minutes. They were anxious to know what was new about the conversation with the chief scientist, but they did not expect that they would have to wait until the report was sent from the Glacial Station. They had to control their apprehension, until they knew more. 

Leona did not tell them everything she did or how badly the conversation with her brother ran. She decided that she had to keep that matter in the family, only. 

She knew, too, that the Supreme would want to talk to her... If she did not solve that matter soon, she would not be in peace... or sleep... 

At that right moment, however, she would not be able to talk to him, anyway. 

It was already late and she decided to wait until the next day. She would have to think about what she was going to say. In that case, maybe it was better to tell him the truth, anyway... just the part that mattered, obviously. She had already exposed herself too much and did not want to hear any reprimand about her attitude or her foolishness. 

Although the Supreme was not much given to lecturing because of his respect for her, just one of his glances at her would be enough to know that she had not been able to reach her brother’s heart, She would have to keep her cool in front of him, or else she would lose the opportunity for the other things as well. If he asked a lot of questions, she did not know if she was going to be able to keep the whole conversation she had at the Station as a secret. 

The woman with intense green eyes went to her room to try and rest. There was still a doubt in her mind that would not leave her mind at ease. 

How, after all that time, did such effect appear in a random clone that was created in the normal line? Where did that mutation come from, after so many generations have been produced? 

***

- I know it's not normal. Can it be reversed? Historically we know that it is possible.

- We know that it was possible in normal human beings. We do not know if we can do the same in clones.

- We are scientists. We must try our best. 

- We're already trying, Leona. I have already studied and developed a prototype and I have already tested it too. 

- And how did he respond? 

- I have not seen any reaction yet, but it's early still. We both know the cure was not immediate in the pure human organism... 

- My brother... 

- Yes. He is helping me with that. We've been working together since that day that you came in to the Glacial Station. The prototype of the new vaccine was crafted from his blood and DNA... At least we know it worked with him in the past. If we are lucky, his blood already has natural antibodies, designed to correct the effect of a future occurrence. But the bad news is that we've already had another reported occurrence from the laboratory: another clone with the same reaction... We must rush the solution, or else... 

Leona stood there, looking very serious at the lab chief. The last comment had not been not retained in her perception. She was more concerned about the information about her brother. She had no idea that, after all, her conversation with him had somehow worked. She, who had left the Station with the feeling of powerlessness, was now feeling unfair. 

She needed to speak to her brother and tell him that she was grateful. She felt she should have been more patient, more confident, and perhaps more fair-minded. There was still something good, maybe a remnant of their father's inheritance, in him, after all. 

She left the lab and went into the room down the hall. She was happy. She had not felt like that for a long time. She opened the door with energy and entered the room with a broad grin spsrkling on her face. 

The emptiness of the room took her by surprise. Where could he be? The chief said he would be in the room, working with the research files and the clone blood tests. But he was not. 

She hurried back to the main lab to speak to the chief, but in the middle of the corridor she found the man, who had a desperate look on his face. He seemed to be bewildered and extremely worried. 

- The Thirteenth clone and the new vaccines are gone... 

- As is my brother, too... 

They looked at each other. They did not need much to figure out what had happened. 

- What shall we do now? 

- We need to check the settings of the transport terminal. They must have gone there, since other routes would be easily detectable.... 

The two entered the teleportation room and immediately realized that the terminal memory data had been erased, probably on purpose. The programming was not available. 

To have access to the data, they would have to make a formal request to the Central, but that would entail a series of questions, generating special security procedures. Leona looked at the head of the laboratory and decided.

- We must know where they've gone to. No matter what that might entail. 

The man, though very worried, acceded. It was the best thing to do.

- I'm going to speak to the Supreme. He should know the truth.

- This will put us all in a big problem. You know that. 

- Yes. I do know it. But we ought to do what is right. In fact, it was a mistake not to have done it from the beginning. I will deal with the consequences if it is necessary... 

*** 

The Supreme has given orders to check the database immediately after being told by Leona about what had happened. He was annoyed and disappointed by the attitude she and the scientists took, but now he had to be practical and act quickly. 

When the report was delivered to him, he looked up, with obvious concern emblazoned on his serious face which had been almost always devoid of emotions. His face was less pale than usual. 

- They went back to the past. This is very serious! 

- But everyone knows this is not allowed! The consequences can be terrible and irreversible... 

- And since when does your brother care about what is right or wrong? Look at this date. Does it say anything? 

Leona looked at the man with a worried expression and did not know what to say. The Supreme was right. This was serious enough, and it was bound to have dangerous consequences. One way or another, she felt responsible for what had happened. She had to sort the situation out urgently.

- I must go after them and try to prevent a catastrophe from happening because of this inconsequential attitude. 

- I cannot allow it! No way. 

- I feel responsible for what happened. I must try, at least. It's our only chance. If we send another person, he will defend himself and become unpredictable and dangerous. I can at least try to control the situation before he makes another big mistake. 

- He's always been unpredictable, but maybe you're right. Let's schedule your trip in the most appropriate way, but you will not have much time to remedy this situation. Any minute you're in the past will be extremely dangerous for the future. 

- I know. And I'm prepared for that. We better get to the transport terminal now.


sábado, 19 de agosto de 2017

O Décimo-Terceiro (Parte 2)


Leona caminhou até o fundo do corredor e abriu a porta, com cuidado. O homem que lá estava, ocupava-se com o arquivamento dos últimos processos de análises de ADN. Havia muito tempo que não entrava ninguém, além dele e do chefe do laboratório, naquela parte do edifício. O rapaz levantou a cabeça e deparou com a figura conhecida da mulher, sua irmã. Ele falou no idioma oficial daquele mundo, para o Anno Domini de 4697.

- Ora, ora. Que fazes aqui, neste lugar tão pouco frequentado pelo povo das áreas quentes? Deve ser uma coisa muito grave, para ter-te tirado do conforto da tua vida e feito esta deslocação tão incomum.

- Não sejas irónico. As coisas já não são como eram antigamente. Tivemos muitas mudanças, desde que foste tirado de lá. Devias estar agradecido por ter-te poupado a vida.

- Eu nunca te pedi nada. Era melhor ter morrido…

Leona fez que não ouviu aquela última parte e ignorou a ironia do irmão.

- Preciso de tua ajuda. É mesmo sério.

- Deve ser mesmo. Mas não sei se estou disposto a meter-me com teus problemas. Não conte comigo, nem com minha ajuda…

- Em nome do nosso pai…

- Não fale do pai. Ele morreu por tua causa. O que eu passei foi, também, por tua causa. E estar aqui, assim, nesta vida, também é culpa tua, por isso, não envolva o nome do nosso pai nisso e nem peça nada em nome dele. Tu não tens este direito.

- Nós já falamos sobre isso. Eu sei que a impressão que eu deixei foi que fugi, quando era mais útil ao pai, mas não foi isso…

- Eu não quero saber. Podes voltar de onde vieste, que não há nada que ainda reste em mim, que possa ser considerado como vestígio de solidariedade… nem contigo, nem com ninguém. Vá embora daqui.

- Eu não posso ir embora sem dizer-te o que se passa.

- Eu já te disse que não quero ouvir. Vá embora. Eu atravessei o tempo para te salvar e o que eu ganhei com isso? Exílio e desprezo! Achas que eu tenho motivos para te ajudar?

- Salvar-me, matando o homem que eu amava? Essa é a tua ideia de salvação?

- Era a forma de te salvar daquele encantamento, por um homem muito diferente de nós: uma aberração! Eu não me arrependo do que fiz e faria de novo, se necessário fosse…

A mulher ficou pálida e engoliu sua decepção e angústia, em seco. Virou-se e saiu da sala, parando na porta e dizendo, baixo, quase como a justificar-se.

- Ele apresenta a mesma reação que tu tiveste, quando o pai começou a testar as primeiras vacinas em nós… Pensei que pudesses ser solidário com isso, para podermos resolver o caso, mas estava enganada... para variar…

Ela saiu, sem olhar para trás. O homem ficou a olhar o vazio, pensando num tempo que existiu em seu passado e em outra época, em outro lugar e em outra circunstância.

Levantou-se devagar e saiu pelo corredor afora, na direção do laboratório principal. A irmã já não estava à vista.

***

- Já devias saber que não ia ser diferente. O que tu querias que ele fizesse?

- Esperava que, pelo menos, me ouvisse… ou ajudasse a resolver…

- Não é função dele ajudar, nem resolver nenhum problema. Ele está bem onde está. Tem aprendido outras coisas, além do trabalho dele. Nós temos que lidar com isso, sem a ajuda dele ou de quem quer que seja…

- Eu sei disso, agora. Foi um erro estúpido…

- Talvez não. Foi apenas ingenuidade ou, talvez, esperança de resolver as coisas, de uma maneira pouco prática. Esse romantismo já não cabe nessa era e nem nesse lugar… Temos coisas mais prementes a resolver.

A mulher abaixou a cabeça. Reconhecia que estava a ser pouco prática. Admitia, também, que estava a ter um comportamento romântico e pouco adequado. Pensou em como havia chegado a aquele lugar e na pessoa mais importante que passou pela sua vida, além do pai e do irmão. Estava prestes a desabar em lágrimas, mas tinha que ser forte. 

O homenzinho fingiu não perceber que Leona travava uma luta interna. Ela era, agora, uma mulher muito diferente daquela que chegara à aquela época e lugar, há muito tempo atrás.

Respirou fundo e decidiu deixar o assunto com quem podia tratar dele. Era hora de voltar ao seu posto e lugar. Entrou no terminal de transporte e esperou pela abertura do portal. Ainda deu uma última olhada ao chefe dos cientistas, que olhava, sério, para onde estava a desmaterializar-se.

Não percebeu que a porta do laboratório foi aberta, naquele exato momento, e que um homem, muito diferente daquele com quem esteve a falar, entrava na grande sala.

***

Leona chegou à Estação Estelar poucos segundos após partir da Glacial. Estava séria e cansada. A conversa não havia sido nada de acordo com o que tinha pensado e planejado e ela se sentia enganada pela sua própria ingenuidade.

Passados alguns minutos entrava em contacto com os dois cientistas, para reportar sobre o que havia conseguido, como resultado da sua viagem.

Os dois chegaram em poucos minutos. Estavam ansiosos para saber o que havia de novidade, sobre a conversa com o chefe dos cientistas, mas não contavam que teriam que esperar até o relatório ser enviado da Estação Glacial. Haveriam de controlar a aflição, até saberem mais.

Leona não lhes contou tudo o que foi fazer, nem quão mal correu a conversa com o irmão. Resolveu que tinha que manter aquele assunto em família, somente.

Ela sabia, também, que o Supremo iria querer falar com ela… Se não resolvesse aquele assunto logo, não iria ficar em paz… nem dormir… mas não ia conseguir falar com ele naquele momento.

Já era tarde e ela resolveu esperar até o dia seguinte. Teria que pensar no que iria dizer. Naquele caso, talvez fosse melhor falar a verdade… apenas a parte que interessava, obviamente. Já havia-se exposto demais e não queria ouvir nenhuma reprimenda sobre sua atitude ou sua parvoíce.

Embora o Supremo não fosse muito dado a passar sermões, pelo respeito que tinha por ela, bastava um olhar dele, para saber que ela não havia conseguido chegar a bom termo com o irmão e ela teria que manter a frieza diante dele, ou poria outras coisas a perder. Se ele fizesse muitas perguntas, ela não sabia se ia conseguir manter em segredo o teor da conversa que havia tido na Estação.

A mulher, de intensos olhos verdes, dirigiu-se ao seu aposento para tentar descansar. Em sua mente ainda pairava uma dúvida, que não a deixava sossegada.

Como é que, depois de tanto tempo, aquele efeito foi aparecer num clone aleatório, que foi criado na linha normal? De onde viera aquela mutação, após tantas gerações terem sido produzidas?

***

- Eu sei que não é normal. Será que poderá ser revertido? Historicamente sabemos que é possível.

- Sabemos que em humanos normais foi possível. Não sabemos se podemos fazer o mesmo em clones.

- Nós somos cientistas. Temos que tentar.

- Já estamos tentando, Leona. Já estudei, já desenvolvi um protótipo e também já o testei.

- E como ele reagiu?

- Ainda não vi nenhum efeito, mas é cedo. Segundo consta, a cura não foi imediata no organismo humano puro…

- Meu irmão…

- Sim. Ele me está ajudando com isso. Estamos trabalhando juntos desde aquele dia em que vieste… O protótipo da nova vacina foi trabalhado a partir do sangue e ADN dele… Pelo menos sabemos que funcionou com ele, no passado. Se tivermos sorte, o sangue dele já tem anticorpos naturais, desenvolvidos para corrigir o efeito de uma futura ocorrência. Mas já tivemos outra ocorrência reportada do laboratório: outro clone com a mesma reacção…Temos que apressar a solução.

Leona ficou ali, olhando muito séria para o chefe do laboratório. O último comentário não ficou retido em sua perceção. Estava mais preocupada com a informação sobre seu irmão. Não tinha ideia que, afinal, sua conversa com ele havia surtido algum efeito. Ela, que havia saído da Estação com a sensação de impotência, diante da situação, agora sentia-se injusta.

Precisava falar com o irmão e dizer-lhe que estava agradecida. Sentia que devia ter sido mais paciente, confiante e, talvez, mais justa. Ainda havia algo de bom, talvez uma herança do pai, nele, afinal.

Ela saiu do laboratório e dirigiu-se à sala no fundo do corredor. Estava feliz, como há muito tempo não se sentia. Abriu a porta com energia e entrou na sala, com um sorriso nos lábios.

O vazio da sala tomou-a de surpresa. Onde poderia ter ido? O chefe disse que ele estaria na sala, a trabalhar com os arquivos de pesquisa e com as análises do sangue do clone. Mas ele não estava.

Ela voltou, apressada, ao laboratório principal, para falar com o chefe, mas a meio do corredor encontrou o homem, que vinha com uma expressão agitada no semblante. Parecia desconcertado e extremamente preocupado.

- O Décimo-Terceiro clone e as novas vacinas sumiram…

- Meu irmão também…

Os dois se entreolharam. Não precisavam de muito para deduzir o que havia acontecido.

- O que faremos agora?

- Temos que verificar a programação do terminal de transporte. Eles devem ter ido por lá, já que outras rotas seriam facilmente detetáveis….

Os dois entraram na sala de teletransporte e constataram, imediatamente, que os dados de memória do terminal haviam sido apagados, provavelmente de propósito. A programação não estava disponível.

Para poder ter acesso aos dados, teriam que fazer uma solicitação à Central, mas isso iria acarretar uma série de perguntas, gerando procedimentos especiais de segurança.

Leona olhou para o chefe do laboratório e decidiu.

- Temos que saber. Não importa o que isso possa acarretar.

O homem, embora bastante preocupado, acedeu. Era o melhor a fazer.

- Eu vou falar com o Supremo. Ele tem que saber a verdade.

- Isso vai colocar-nos a todos nós em um grande problema. Tu sabes disso.

- Eu sei. Mas precisamos fazer o que é certo. Aliás, foi um erro não ter feito desde o começo. Eu enfrento as consequências, se for necessário…

***

O Supremo deu ordens para verificar o banco de dados imediatamente após ser informado, por Leona, acerca do que havia acontecido. Ele ficou irritado e decepcionado com a atitude tomada por ela e pelos cientistas, mas, agora, tinha que ser prático e agir rápido.

Quando o relatório foi-lhe entregue, ele levantou os olhos, com uma evidente preocupação, estampada no rosto sério e, quase sempre, desprovido de emoções. Suas faces estavam menos pálidas que de costume.

- Eles voltaram ao passado. Isto é muito grave!

- Mas todos sabem que isso é proibido! As consequências podem ser terríveis e irreversíveis…

- E desde quando teu irmão se importa com o que é certo ou errado? Olha esta data. Isto diz alguma coisa?

Leona olhou para o homem com uma expressão preocupada e ficou sem saber o que falar. O Supremo tinha razão. Aquilo era bastante grave e, com certeza, ia ter perigosas consequências. De uma maneira ou de outra, ela se sentia responsável pelo que acontecera. Tinha que remediar a situação urgentemente.

- Eu tenho que ir atrás deles. Tenho que impedir que uma catástrofe aconteça, por causa desta atitude inconsequente.

- Não posso permitir! De jeito nenhum.

- Eu sinto-me responsável pelo que aconteceu. Tenho que tentar, pelo menos. É nossa única hipótese. Se enviarmos outro, ele vai-se defender e tornar-se imprevisível e perigoso. Eu posso, pelo menos, tentar controlar a situação, antes que ele faça algum outro grande erro.

- Ele sempre foi imprevisível, mas talvez tenhas razão. Vamos programar a tua ida, da maneira mais apropriada, mas não terás muito tempo para remediar esta situação. Qualquer minuto em que estiveres no passado será extremamente perigoso para o futuro.

- Eu sei. E estou preparada para isso. É melhor irmos para o terminal de transporte, agora.

sábado, 12 de agosto de 2017

The Thirteenth (Part One)


- This is the thirteenth.

- Thirteenth? I did not think there were so many...

- See this spectacular specimen! It is stronger than the others.

- Should we work better on it? Their useful life is not very long, as far as we know.

- Yes, it's true. But this one seems to have more than the others do. Let's look at it more carefully. It is our responsibility to select only the best of the best and this one seems to be one of them. It will need more careful attention.

- The Supreme must know. Are we calling him or reporting directly?

- Neither. We're not going to do anything yet. We have to be absolutely sure before anything else. If we make a mistake now, the Supreme annihilates us and you know what happens next.

- I know and I do not like the thought of it. But we have to keep this secret just between us. We must separate it from the others or it will be discovered, before we can be sure of anything. It calls too much attention. If someone sees it…

- I have an idea. Let's take him to the Stellar Station. There it will be well analyzed and we will be able to check better all the details before it is ready. I know very well who will take great pleasure in helping us evaluate, investigate some details and even take care of him…err…it, in the meantime.

He looked seriously at the other man, who soon realized who he was speaking of.
- And what do we do with the others?

- The same as always. Soon they will be prepared, but they will have the same use of so many others, that were produced before them.

- We'd better hurry then, before somebody comes in here.

Better wait till everyone leaves. Meanwhile, we segregate these others and send them forward. We cannot arise any suspicions. If we take too long to dispatch them, the others will think there is something wrong happening in here. We must also complete the reports and confirm the count.

- I'll do that, so we can handle the rest of the things later.

- OK. I'm going to close the lab to make sure we have no inconvenient surprises. We'll be back later.

***

The day had begun normally, like every other, in a routine without surprises. The Stellar Station was virtually deactivated, with just a few features still working and had not been visited by many people so often, so it was easy for the two scientists to go unsuspected.

The Thirteenth was safe. They did not know for how long, however. They had to be steadfast before presenting it to the Supreme, or they knew they could be sent to one of the least significant lines. 

They had reached their positions within the structure because they were wise. They also knew that others before them, who had gone wrong in the selection, had been forgotten in the Glacial Station, on the other side of the planet, where the anomalies were studied and the vaccines for the next generations developed. Although it was an important job in the application, the conditions were restricted and uncomfortable. It was a rather cruel fate with a very short prospect for the future. It was the reward for the errors. A second error would be punished more severely.

The Supreme was rigid and devoid of feelings. Things had to work perfectly. As in a vintage wine, the selection was very judicious. Only the best could be sent to him, who would then approve, classify and define their destinies.

The two of them came together and went straight to the depressurizing room. After changing their uniforms for sterilized clothing, they went to the Council room where their hostess was awaiting. She received them with evident satisfaction.

- Well? What do you say about it?

- He's practically perfect. I've never seen one so well done and vigorous.

- Then we got it right. We can take him to the Supreme.

- You were right, yes. But there is a small, but workable, problem.

- Small…?

- Problem…?

They both looked at the woman, who smiled at them and as she got up, she asked them to accompany her.

***

- Workable? How can this be a workable problem? We will be damned...

- Calm down. I said it was workable, did not say he was presentable to the Supreme.

- And now? What will we do? If we are discovered, we will be in a dreadful trouble!

-
Dreadful? Is that word still used?

The man laughed. The other looked confused. He had no idea where the colleague had taken that term from and was not going to ask. He was more concerned with how to solve their little “workable” problem.

The woman, with deep green eyes, spoke before being asked.

- We must get him out of this station, before anyone finds out we have him here. It will not be easy to hide him for long.

- And where can we take it to? We do not have many alternatives.

- Him… He’s not a thing… We have but a few alternatives. One is the Glacial Station. Someone who is there owes me a big favor.

- Oh. No. We cannot accept it.

- And what are you going to do? Take him to the Supreme? Leave him here?

- It's a very high risk. And we will not have guarantees that we will be successful.

- Let me handle this. He can never be brought back here, anyway, unless we find a way to sort this out. I’ll speak to the Supreme.

The two men did not know what to say. The woman had put them in check and they had no better alternatives.

***

- I cannot accept that, Leona. You know he's unpredictable and no less dangerous.

- He's my brother. I spared his life in the face of a crime punishable by death… or, at least, a life sentence. He will not hurt me. I need to talk to him.

- We have not heard of him in years... Why the urgency now?

- It's a personal reason.

- However personal it may be, he must not be brought back here.

- I will not bring him back here.

The Supreme did not like the idea, but he had a lot of respect and affection for the woman. He knew she was coherent and very responsible. He had endured her decisions and spared the life of her brother, who had murdered her lover, in front of her. He was sent to the Glacial Station, along with the scientists, who developed the vaccines created from the development of a prototype studied by their father.

- You know I do not like this idea at all. If anything happens to you, I'll be responsible.

- No. I'll be the only one to blame. I'm going to prepare for the transport.

Leona took the experiment with her and went where she was meant to solve the small problem, which was caused by another small problem. At the Glacial Station's transportation terminal, the alarm went off, announcing the arrival of visitors. A man with very deep blue eyes approached the room and waited a couple of seconds to see the woman he knew well materialize. Only she was not alone.

- Leona! What a great surprise! What good winds bring you here?

The chief scientist was still the same as he had been when he was in the main building. It had been his choice to move to the Glacial Station, so he would have time, distance from problems and inadequate questions, as well as space for his research, development and production of the vaccines.

Besides the young scientists who came with him, he had, under his wing, some workers brought from the cloning center and, to his agony, the only outcast he knew in that world. 

The man at the Station, by exile, was very different from the other individuals of that base and time. He seemed completely out of context and functions. But at least he was alive. The chief scientist kept him under constant surveillance, but the initial rebellion behavior had diminished over time. The man seemed much calmer than when he had been sent to the base and had adapted to the duties assigned to him. As time went on, he achieved the level of trust and confidence necessary to work in the logistics of shipping and storing the vaccines for the inhabited stations.

The chief scientist turned off the power field at the transport terminal and stepped forward.

- I see you brought someone over.

Leona smiled and greeted him, but there seemed to have a cloud upon her head and face.

- Look at this specimen. We first thought he was the most perfect sampling to be proud of, but look at this.

- Ah! I see.

- We could not take him to the Supreme, until we were absolute sure he was presentable and now we can no longer do it for this obvious reason. And leaving him there would be the same as admitting we had made a big mistake.

- And what can we do?

- I hoped you could help me decide. I have an idea and I need your help to put it into practice.

***

- I cannot accept it, Leona. It's very dangerous.

- But it's our only option… besides...

-The chief scientist's eyes widened. He could not admit the other alternative. He was trapped. Either he accepted one thing or another. In any case he was in check.

- I cannot take care of him. I have too much work to do. I'll have to find a way...

- I think that might be easy to deal with. The logistics manager owes me a favor.

- Oh. No. No. No.

The little man was afraid of the consequences. He could not accept such a responsibility.

- Let me handle this.

- Leona, that's very risky. If anything happens, we'll be both responsible.

- I know. But what can happen? We are dealing with something that does not exist, after all...

The man looked at the visitor with a little concern. She seemed too cold in the face of that problem. That was not the Leona he knew.

For some reason it seemed to him that there was something behind that mystery. He just hoped it was not a problem for him and his future at the Station. He considered his work and his position with great appreciation. He was not at the Glacial Station because he was banned or because of demerit, but by choice. The legacy of Leona's father, which had been improved throughout the ages, was his greatest pride. He was living proof that the vaccine was effective. 

And so was she.

The scientist, Leona and her brother, before all the others, have been the ones to test new versions of the vaccines voluntarily...

Now there was a mutation... a problem to be studied; a riddle he still did not know how to solve.

The old scientist looked at the clone and set it on the laboratory table. He unwrapped it completely from the sheet that housed it and said.

- Let us then try to unravel this mystery.

Leona smiled and said she was going to see her brother. She had things to deal with. She knew there was another alternative, but it was not time to mention it.

The old scientist came and went back to the object of his attention. He was no longer interested in the conversation Leona was going to have with her brother.

- So, my boy, how did this happen to you? Was it a side effect of the medications in your body?

The pale creature looked at the little man with quiet eyes and almost no expression shown on his face. The man began to examine the experiment and decided to take blood samples to analyze the mutations in his DNA. Before making any decision, he had to know what he was dealing with.

On the other side of the building, at the end of a long corridor, Leona had a very firm idea in mind, hoping it would work properly...