terça-feira, 31 de julho de 2018

Tatuagem (Parte 2 de 2)



- A minha é mais bonita.

- Sem dúvida. Foi uma bela escolha.

- É mais moderna, pelo menos.

- Pois é. Ficou muito bem-feita mesmo. Um lindo efeito…

Desta vez era eu quem beijava a tatuagem, estrategicamente gravada, entre as duas covinhas, na parte mais baixa das suas costas. A pele estava morna e reagiu, quando meus lábios tocaram, de leve, aquele ponto estratégico, tatuado na base da sua coluna.

- Eu adoro tuas curvas. Estas duas covinhas são tão sexy… E, agora, há também, este dragão tão bem feitinho e significativo…

Curvou-se um pouco, como se oferecesse o corpo para mais bem-vindas demonstrações de carinho.

Aquilo foi como um gatilho, que disparou uma reacção quase involuntária e quase irreversível, mas eu já não me preocupava com controlo sobre nada, de toda forma. Deitei-me sobre seu corpo, sentindo o sangue a correr-me, quente e acelerado, nas veias e a encher-me o corpo de desejo.

- Uhm… O que foi isso?

Não respondi. Apenas comecei a beijar cada pedacinho de seu atraente corpo. Encolheu-se quando rocei os lábios atrás da orelha e sua pele arrepiou-se de imediato. Era minha deixa…

***

- Nossas peles estão marcadas para sempre.

- Como se fossem almas gémeas…

- Ahaha! Lá vens tu, outra vez, com isso…

- Somos complementares, então.

- Somos pessoas que gostam de estar uma com a outra e nossos corpos sabem disso. Não é o bastante?

- “Que seja eterno enquanto dure”?

- Talvez isso seja suficiente…

Riu-se. Parecia satisfazer-se com aquilo, naquele momento, pelo menos. Nisto éramos tão diferentes.

Eu sempre tentava manter as coisas sob um descontrolo controlado. Sabia que nada na vida seria eterno. Sabia que ter muitas expectativas podia levar a grandes decepções e não queria que aquela “amizade”, por assim dizer, levasse a nada além das boas coisas, que já tínhamos, embora sentisse que estava sendo cruel com ambos, enquanto pensasse daquele jeito.

Eu havia perdido um bocado daquele romantismo que alguma vez tivera. Aquele não era seu caso. Sua cabeça estava sempre nas nuvens, seu corpo sempre pronto, quando estávamos juntos.

- Deixa-te levar. Solta-te. Não te reprimas. Não tenhas medo.

E lá ia eu. Levando-me por uma onda de calor, sabia os riscos do envolvimento. Sabia os riscos da entrega total. Sabia os prazeres que aquilo trazia… e gostava… mas não ousava admitir em alta voz.

***

- Gostas?

- Gosto.

- Mais para cima, um pouquinho.

- Aqui?

- Isso.

Examinou-me, cuidadosamente, com olhos oportunamente lascivos, as faces afogueadas pelo desejo e cantarolou baixinho, junto ao meu ouvido:

“Eu quero ficar no teu corpo, feito tatuagem”…

Passou os dedos, de leve, sobre o desenho, que havia sido gravado, e com muita dor, na lateral esquerda da minha cintura. Chegou-se mais perto e beijou, não só ali, mas em várias outras partes do meu corpo, como costumava fazer, quando o desejo ultrapassava o controlo.

Nossas tatuagens eram quase casadas. Dois dragões tão dissemelhantes, com dois significados tão distintos, impressos nas peles de duas pessoas tão diferentes. Mas, mesmo assim, eram dois dragões: duas figuras da mesma espécie… ou não…

***

- Abraça-me. De verdade…

- Que houve?

- Shhh.

Seu corpo estava quente, como se fosse brasa acesa. Eu não tinha ideia do que se passava, por isso limitei-me a ficar ali, sem dizer palavra alguma, ouvindo sua respiração arquejante e sentindo o coração a bater forte contra meu peito. Algo parecia estar errado, mas eu não sabia o que era.

- Diz-me o que se passa.

- Shhh. Fica só assim, um pouco mais…

Ficamos, o que pareceu-me um tempo interminável, naquele abraço apertado. Quando, por fim, libertou-me, disse, somente, num sussurro quase desesperado:

- Faz amor comigo.

Não respondi, apenas deixei-me levar... completamente… como um bote insuflável, descendo as corredeiras, sem remos e sem leme.

Avançamos como se uma loucura tivesse tomado conta de nós. Nossos corpos ardiam como se acometidos por uma febre alta e tivéssemos o sangue a correr, como lava quente nas nossas veias, pronto a entrar em erupção a qualquer momento. Procurávamos satisfazer uma sede insaciável, enquanto bebíamos de um mesmo veneno, ou seu antídoto, misturado erraticamente em nossas bocas e buscávamos um conforto que não existia. Deixamo-nos tomar pela insanidade que tornava aquele momento único e intenso, em ondas que iam e vinham dentro de nós, como o mar a atirar-se nas areias da praia, naquele vai-e-vem ritmado, ora lânguido, ora enérgico. Navegamos em águas escuras e profundas, como um barco sem timoneiro, que corre o perigo de arrebentar o casco nos arrecifes e nos afiados bancos de corais multicoloridos.

Fechei os olhos, tentando conter a aflição que tomava conta de mim e deixei escapar um grito, como de um animal na floresta, quando aquela explosão vermelha culminou, de um crescendo de sensações já, então, incontroláveis. Meu corpo todo convulsionou, em espasmos repetidos. 

Teoristas poderiam chamar aquele momento de “a pequena morte”. Eu chamava de “a grande queda”. 

Depois, veio aquela sensação de abandono e relaxamento. Nossos corpos ficaram inertes por uns momentos, vencidos pelo cansaço.

Seguiu-se um silêncio, pontilhado, apenas, pelo pulsar de nossas respirações, que iam voltando ao seu ritmo natural.

Perdi a noção do tempo e mergulhei num sono profundo, com sonhos coloridos em matizes vibrantes. Sentia que estava com o corpo e a mente retidos entre o firmamento e a terra… ou entre o céu e o inferno… para quem acreditasse naquilo.

Quando acordei, estava só. A cama parecia enorme e fria, apesar do calor lá fora.

Algo parecia fora do sítio. Havia uma atmosfera estranha e, por um momento, senti-me entristecer. Uma angústia torturava-me o peito.

Minha boca estava muito seca. Precisava de água fresca. Levantei-me e fui até a cozinha. Já era noite e havia uma agradável aragem a entrar pela porta aberta para a varanda. Um movimento do lado de fora chamou minha atenção. Pousei o copo vazio sobre a pia e fui até lá.

***

- Hey.

- Hey.

Minha voz era quase um sussurro. Meu peito, em desconforto, quase me fazia berrar de desespero, por alguma razão que eu não conhecia ainda. Tentei manter a calma.

- Que fazes?

- Penso…

- Atrapalho?

- Claro que não.

Aproximei-me e beijei-lhe as costas e o pescoço, com suavidade. Rocei os lábios, muito de leve, descendo até a tatuagem, quase invisível naquela penumbra. Sua pele arrepiou-se e senti o corpo curvar-se na minha direcção, numa reacção de anuência. Fechei os olhos e inspirei profundamente.

- Eu adoro teu cheiro.

- Hmm…

- És um vício… Tenho a impressão que não posso ficar sem ti.

Virou-se para mim, com o rosto convenientemente escondido pela penumbra.

- Vou-me embora.

- Como assim? Por quê?

- Tem que ser. Tens toda razão. Isso virou um verdadeiro vício. Chego a perder o controlo.

- Mas isso é bom, não é?

- Não sei. Estou sufocando. Não posso continuar assim… Preciso de espaço para mim… tenho muito que pensar…

- Eu não entendo…

- Nem sei se eu entendo, na verdade… mas tenho que fazer algo… e tem que ser urgentemente… Se eu ficar, vou-te fazer infeliz…

- Infeliz? Como?

Não respondeu.

Como podia ser infeliz, se tudo o que tinha era aquele relacionamento? Aquela era minha ideia de felicidade, até o momento, em que tudo caía por terra, com uma sentença incompreensível e inaceitável por minha razão.

Olhou-me com um misto de tristeza e expectativa na expressão.

Fiquei uns minutos, em silêncio, sem saber como reagir. Não sabia o que pensar. Minha mente buscava razões e mais razões, para justificar aquela decisão e não conseguia encontrar nenhuma.

- Sei que tenho que respeitar a tua vontade. Não há nada que eu possa fazer, para mudar isso, não é mesmo?

- Não. Eu tenho mesmo que ir.

- Ok, então, mas isso tudo é muito triste...

- Vamos guardar lindas recordações, não é mesmo?

- Muitas… Sempre teremos as nossas tatuagens, vívidas em nossas peles, para trazê-las à memória.

- Os dragões sempre voltam na Primavera…

- É?

- Uh-hum… Com a primeira lua cheia...

- Nunca havia pensado nisso.

Aqueles seus olhos enormes e a ausência de um simples sorriso eram sinal de uma coisa somente. Já não havia nada mais a ser dito. Aquele era, definitivamente, um adeus.

 ***

Quando entrei no estúdio, minha decisão já estava tomada. Aquela ia ser uma operação angustiante, sob vários pontos de vista. Quando a agulha do mecanismo começou a perfurar minha pele, reavivando os pigmentos com a tinta especial, eu senti lágrimas a me brotarem nos olhos e deixei que caíssem livremente, sabendo que não eram, realmente, devido àquela aflição física…

A tatuagem foi refeita, mudando um pouco a face do dragão e acentuando as linhas e cores da figura original. Aquela era uma pequena mudança, não somente na minha pele, mas era definitiva…

***


segunda-feira, 23 de julho de 2018

Tatuagem (Parte 1 de 2)



- É um dragão.

- Já vi melhores, mas não está mal.

- Eu sei… devo mandar retocar… quero mudar um pouco a figura original.

Beijou-me a tatuagem, suavemente, como quem beija a cabeça de uma criança… ou de um animalzinho de estimação…

Olhou-me como se quisesse ler minhas reações, diante daquela atitude quase infantil e riu-se. Aquele riso veio tão espontaneamente que divertiu-me, fez-me rir, também, e deixou-me, no peito, uma morna sensação de conforto e serenidade.

A imagem, do tamanho de um punho fechado, representava um dragão e estava impressa no lado esquerdo da minha cintura. Eu sabia que deveria reforçar as linhas e cores, pois depois de dez anos, a imagem já não tinha o mesmo brilho inicial, mas tinha primeiro que tomar algumas decisões em relação ao que queria.

Como se estivesse tentando ler meus pensamentos, cantarolou o verso da antiga canção, sorrindo, a me provocar.

“Quero ficar no teu corpo, feito tatuagem”…*

Eu ri.

- Criatura sem noção! E, ainda mais, com uma canção tão antiga…

- Mas que cabe bem neste momento…

Seus olhos pareciam duas estrelas, que não conseguiam esconder o brilho evidente do desejo, que os lábios acabavam de revelar. Talvez, na verdade, quisesse, apenas, brincar um pouco com minha libido e minhas reações, provocar-me, ou sei-lá-o-quê…

Virei-me e abracei-lhe o corpo, deitando minha cabeça em seu peito. Soltou um longo suspiro e brincou com meus cabelos, passando o outro braço à minha volta.

Eu senti-me como uma criança em seu morno regaço. Aquela manifestação de uma proteção quase onipotente era-me convenientemente agradável. Fechei os olhos.

- Gosto da maciez dos teus cabelos.

- Gosto que me toques a cabeça.

- Dizem que é prova de grande confiança.

- Eu sei…

- Existe alguma coisa que não saibas?

- Muitas, mas não lembro de nenhuma, agora…

Dei uma gargalhada. Quem provocava quem, agora?

***

- Tu acreditas em almas gémeas?

- Eu não acredito nem em almas. Acredito, sim, em afinidades, em respeito aos limites e…

- Não sejas assim. Nós temos muitas afinidades, é verdade. Somos como almas gémeas…

- Ah! Tá!

- Tu já não acreditas em nada que não seja real e solidamente palpável. Perdeste o romantismo e a fantasia…

- Mas não perdi o tacto, pois não?

Sorriu. Olhou-me como se me analisasse, antes de dizer o que pensava.

- Não. O tacto é uma das coisas que mais gosto em ti… e não só…

- Ai, não? Que mais tu gostas?

Não respondeu. Apenas riu, com uma pontinha daquela malícia, que lhe caía tão bem, quando estávamos juntos, daquele jeito, entre os lençóis desalinhados, na cama de casal.

Eu sempre gostei de camas grandes. Quando era criança, nunca tive um quarto todo meu, tendo sempre que dividir meu espaço e dormir em uma cama estreita, que sempre me pareceu diminuta, apesar da minha pequena estatura e do corpo mirrado demais para a minha idade. Talvez meu egoísmo e minha carência de espaço fossem maiores que o meu tamanho físico, mas agora aquilo tudo havia ficado num passado muitíssimo distante.

Minhas lembranças de infância nunca traziam saudades de tempos felizes. Era uma quase melancolia, quando meu passado vinha à memória, mais para inquietar-me, que para fazer-me sorrir.

Não. Eu não fui infeliz, mas nunca senti saudades daqueles tempos, em que eu era apenas uma criança, buscando ganhar uma atenção, que eu nem sabia bem se merecia e sem sentir grandes demonstrações de carinho, por parte de quem, supostamente, deveria mas dar, espontaneamente.

Cresci independente, tentando esconder e controlar a arredia insegurança e a disfarçar a timidez, com uma boa dose de arrogância e rebeldia, características da idade.

Meus pensamentos já iam muito longe, quando sua mão tocou-me o rosto e senti-me como a voltar a assentar meus pés à realidade.

- Onde estavas? Parecias tão distante.

Menti.

- Estava apenas a curtir este momento. É bom estar aqui, sem ter que pensar em nada…

Não convencia nem a mim, obviamente.

- Sei, sei… Sem pensar em nada…

Não consegui sorrir. Eu caía num incontrolável poço de auto-comiseração e não gostava nada daquilo. Agarrei-me à corda lançada, como quem agarra-se à única possibilidade de salvação.

- Ainda bem que cá estás.

- Por quê? 

- Porque assim me dás segurança.

- Ah…

- Não brinques. É importante para mim.

- Ok. Então que seja.

Beijou-me os lábios, de leve. Eu respondi, tentando controlar o desespero que tomava conta de mim naquele momento, mas meu corpo inteiro delatou-me, com um tremor involuntário.

- Estás bem?

- Uh hum…

Aquela resposta bastava. Era, entre nós, sinal que não era hora de falar mais nada.

Costumávamos respeitar nossos silêncios, quando nossos corpos estavam presentes, mas nossas mentes não. Conhecíamos nossos desejos e respeitávamos nossas necessidades de ficarmos assim, sem dizer nada, a ouvir a música que vinha da sala, do computador ligado num canal de rádio e que me atingia, em cheio, no meio do peito, como uma seta envenenada por curare, que paralisava-me os movimentos, mas deixava duas lágrimas salgadas e quentes a brotar-me pelo canto do olho e descer-me pela face abaixo.

“Ando tão à flor da pele,
 Que qualquer beijo de novela me faz chorar;”…
”Ando tão à flor da pele,
 Que meu desejo se confunde
 Com a vontade de não ser;
 Ando tão à flor da pele,
 Que a minha pele tem o fogo do juízo final”…**

***

- Vou fazer uma tatuagem.

- Vais? E o que vai ser?

- Não vou dizer.

- Por que não?

- Quero que seja uma surpresa.

- OK, então. Que seja… sabes as consequências… e sabes que dói…

Riu.

- Quando?

- Logo… ainda não sei direito…

Levantei o sobrolho, como quem desconfia ou condena aquela meia explicação, mas percebi que não causei grande comoção.

Sorriu, apenas. Parecia uma criança que ganhava um brinquedo novo. Aquela não devia ter sido uma decisão muito fácil. Uma tatuagem é, quase sempre, para sempre. É mais duradoura que a maioria dos relacionamentos. Embora muito em moda, sabe-se que pode ser uma decisão bem dolorosa e, dependendo do caso, pode não compensar o “sacrifício”.

Talvez a minha aceitação, assim, tão naturalmente, tenha sido um alívio, afinal. Eu não tinha porque criticar ou condenar. Eu tinha a minha e sabia o quanto doía, mas, também, o quanto era importante para mim tê-la gravada na pele, indelevelmente, para, no meu caso, marcar um evento. Cada um tem seus próprios motivos, afinal.

***

- Vou sair. Não sei a que horas volto.

- Como assim? Não sabes?

- Não sei, simplesmente… Posso demorar… bastante…

Não esperou que eu dissesse mais nada.

Saiu, como quem ia fazer algo especial ou como quem ia encontrar com alguém especial, de tão feliz que estava.

Fiquei a olhar, enquanto se afastava. Um aperto no peito plantou uma semente de dúvida. Uma sombra passou-se em meu discernimento. Já não pensava claramente…

***

* Tatuagem, de Chico Buarque de Holanda
** Flor da Pele, de Zeca Baleiro

segunda-feira, 9 de julho de 2018

And then there was only one...


Quinta tentativa... e outra...

domingo, 1 de julho de 2018

segunda-feira, 18 de junho de 2018

segunda-feira, 4 de junho de 2018

domingo, 27 de maio de 2018

Ginger Alert (Almost a Christmas Carol) - Part 2 of 2


Someone came through the door and I felt the cold air of the morning blowing in against my back. I had a shiver going up my spine. I wondered if it was because of the wind or by the man walking down the hall to my direction, gently smiling and holding an envelope in his hand. 

I thanked him and opened the small envelope with the “URGENT” stamp printed in red on the outside. He smiled and went back to his working place. 

There was only a business card as a message. 


‘How nice’, I mumbled. 


I turned the card around and read the message carefully handwritten on the back. 


“Lunch at 12:30h? Phone me.”


I smiled to myself. 

I still had no real plans set for lunch and that would be convenient. As far as I was concerned, my last full day in Dublin, as I had to leave early the next morning, would be probably and suitably thrilling. 

I picked up the phone and dialled the number underlined on the card.

***

When I walked into the restaurant, the place was almost full. There were just a few tables still unattended. I looked around and saw one hand waving at me. He smiled and stood up. I smiled back and walked on to him.

He was a handsome man. I realized it when I was coming closer to the man dressed in white shirt and dark blue jeans. Although almost informal, he was very elegant, tall and well-built. His navy blue eyes were fixed on my face and I suddenly felt blushing when mine met his. 

He politely shook my hand. His handshake was firm and strong. I took it as a good sign. A firm handshake, followed by a smile and a quick and direct eye contact is always a good sign.

We decided to have soup and a hot sandwich, instead of a heavy meal, so we would have time for a light conversation and maybe a walk, before leaving each other. He would go back to his work and I’d go back to my life. I wanted the afternoon to be well-spent and could not think of anything else to do but being there with him. 

I realized he was not only attractive and kind, but also a good talker and a wonderful listener. The conversation was easy. He talked about what he liked and I tried to follow his string of thoughts, doing the same. I like to keep some secrecy about my life, although I had no problem with sharing the things I like, so to get him to know me better.

When we got up, ready to leave the restaurant, he urged to pay the bill, under my protest, but he was incisive. I accepted the courtesy and waited. His telephone rang. He picked it up and went out. I followed him, keeping a fair distance so he could talk freely. After a couple of minutes he hung up and smiled at me.

- Come!

- Where to?

He walked through the multitude of people that crowded the streets, along Grafton Street again. At that time of the day, people were busy going shopping or getting off the restaurants, on their ways to their works or normal lives. It was Friday afternoon, so most of the people were leaving work early and going back to the busy side of Dublin for many reasons.

The sun hit his short hair when we crossed the street and I had the impression his head was on fire. I felt I was burning inside. The thought made me blush lightly. He seemed to notice it as he smiled. That grin could make my heart melt down. I wondered why those thoughts were flowing freely in my mind. He would never guess what I was thinking about anyway.

We walked into the Merrion Square park gate, side by side. He then said he took the afternoon off, so we could stay together for a time. It was my last weekend in Dublin and he wanted me to enjoy it. I was already enjoying it, but did not say anything. All I did was smile, to show how pleased I was, although I was secretly happier than he would ever imagine.

We sat at the bench by the lake, watching the ducks swimming by. He laid his hand softly on my leg, while pointing at the birds. My heart accelerated. 

- See how they seem to enjoy themselves. The weather today is really wonderful.

- It is really wonderful…

I was not really referring to the weather and I’m sure he understood me quite well. A group of seniors walked in with musical instruments in hands and started to play a Christmas carol. We smiled and hummed the words along. When they finished the first song, they started “One” by U2. He took my hand and asked me if I wanted to dance. I laughed at him. 

- No way! Not here and never in front of all these people! 

He just laughed loudly. 

- Do you think they would ever mind? 

- Well, maybe they would not, but I will certainly mind…

- OK, then. We won’t dance. But I know a place not far from here where we can spend some time. It gets quite chilly here in the middle of the afternoon, anyway. Come with me.

We walked past the Wilde House and went through the street behind it. Going down Cumberland Street S, we stopped by the Ginger Man’s door and I thought to myself that was a joke. The Universe likes playing with me, for sure. He did not mention anything, but I saw his lips curving in a very discreet smile, as if trying not to show that reaction to me.

We got in for a quick drink. The atmosphere was typical, as in most of the Irish pubs. I heard Adele playing on the background loudspeakers. He looked at me and opened his lovely grin again while humming the words along. 

“Everybody here is watching you
 Cause you feel like home,
 You’re like a dream come true”…*

The waiter, another young ginger man, greeted him with a smile and a handshake, as if knowing each other from a long date, directing us to sit at one of the small tables, away from the windows. It was pretty warm and comfortable inside. My eyes were happy and my G.A. was all in full alertness state.

He was going to start ordering, but looking at me, he decided to ask me first what I’d like to drink. I prudently chose tap beer. Traditional. He smiled and followed ordering the same for himself, as it was his initial intention.

“You move like a movie, you sound like a song”…*

- I like this place. The atmosphere here is always so lively great.

- I know. Everyone looks so at ease; so friendly.

- The Irish way… after some beers, everything is amusing and cheerful… especially on a Friday afternoon…

He laughed out loud. Incredible how I could feel so good with only a glimpse of that grin… and I was literally staring at him and feeling so comfortable with him. 

Less than a couple of hours later we left the pub and walked down to a traditional brick building right next door. He took a bunch of keys from his pocket and opened the front door, giving me way to follow in. 

As he entered the hall, he held my hand. I was totally caught in surprise. My heart almost blew up. 

Then he kissed me…

*** 

He slowly ran his fingers over my skin as if trying to memorise every line and detail. His touch was so soft I thought he had feathers in his hands. I closed my eyes and let myself go through the gates of the pleasure garden. 

He kissed my lips so gently, I thought he was afraid of breaking anything in me. He was a good kisser and a wonderful lover. His attention was so completely directed to me that I felt I was special. 

What a good feeling… knowing he was not in a hurry… I always thought lovemaking should be slow and caring, attentive and intense…

When he found out that by kissing behind my ears he would make my skin react with goose bumps, he giggled and repeated that a few times. I turned around and he took advantage of that too, lying on top of my body, rubbing his soft ginger fur on me, while kissing me from my neck to the bottom of my spine and then he stopped.

I waited.

He kissed the two dimples at my lower back and said:

- I love these back dimples… and your bum. It´s all so perfect. 

He spoke that so naturally I really believed him. I felt as if I was living a dream.

- Do you know how these are called?

- Dimples of Venus?

He laughed loudly and kissed my bum, once, twice, three times….

***

My ginger Apollo, perfect for me, in all the possible senses: his auburn fur, so soft at the touch of my fingers; his navy-blue eyes all set on my face; his sweet smile, so open and so handsomely attractive, baring me like his hands did just some minutes before; his distinctive citric-cedar perfume bringing up his manly scent, inebriating my senses and triggering my libido and my primal instincts. 

I was so happy for being there and, at the same time, so sad I had to leave him in a few minutes. 

A ray of light came though the opening in between the curtains and hit his bare torso. I could almost hear Adele’s lines repeating in my head like an earworm.

”Let me photograph you in this light
 In case it is the last time
 That we might be exactly like we were,
 Before we realized
 We were sad of getting old
 It made us restless”…*

Sadly, that meant it was morning already. That sweet dream was over. I had to get ready and leave.

I don’t like dramas, so I got up and went to the bathroom to shower. I still had to pack my things.

***

- You’ll be in my mind for a long time… Did you know that? 

He just looked me in the eyes. His face flustered at my innocent display of insanity, but he said nothing. He just held me tight and kissed me. That was a definitive good bye. 

- Save one dance for me, will you? You owe me that…

I smiled sadly and buried my head on his chest. 

“You move like a movie, you sound like a song”…*

I could smell the scent of wild cedar and orange from his skin and clothes. He held me close for a longer while and then released me. It was time for me to go. 

The display, on the large panel in front of my eyes, showed the embarking call and I heard the loudspeakers repeating the number of the flight and the gate.

I walked up the aisles and looked back. He was still there standing tall in the middle of the hall, smiling at me. I went through the security procedures and disappeared from his sight. My heart ached. 

***

His manly scent still remains in my brain when I close my eyes. His presence is still so vivid to me, every time I touch the empty pillow close to mine and I recall his touch on my skin, the taste of his kisses and the sensation of going crazy in his hands and body. 

The sun hits my face and I remind his warm body on and in mine, the light coming into the bedroom though the curtains and drawing lines on his perfect torso. I feel like crying, but I need to be strong and I try a smile.

As a ginger head crosses my path, the G.A. (Ginger Alert) reacts and I look back and around again, as if haunted by the sight of a charming and cute ghost that keeps on coming into my mind, insistently trying to keep me from forgetting - if that could ever be possible – those sweet magic hours…

The wind blows against my face and I turn my collar up and walk home. Tears roll down my face and I pretend they are from the cold wind. Adele’s voice keeps on singing in my mind… 

“Let me photograph you in this light 
 In case it is the last time
 That we might be exactly like we were 
 Before we realized”…*

* (Adele: "When We Were Young)