sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
Present
And, when I think
Of you,
The past rests
In a peace
I’ve never felt
Before,
The future smiles,
With its open arms
And the present…
Ah! The present holds
My hands
So tightly
And looks into my gaze,
With those bright
Blue-greenish eyes,
Telling me
Everything is alright…
Already!
***
(E quando eu penso
Em ti,
O passado descansa
Numa paz
Que eu nunca senti
Antes,
O futuro sorri
Com seus braços abertos
E o presente..
Ah! O presente segura
Minhas mãos,
Tão firmemente,
E me fita o olhar
Com sua mirada
Azul-esverdeada,
Dizendo que tudo
Já está
Muito bem... )
***
sábado, 8 de fevereiro de 2020
Dune (Study)
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sábado, 25 de janeiro de 2020
domingo, 19 de janeiro de 2020
quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
Icarus
The blue
in your eyes
Is the
sky
I want to
fly
With the
wings
I was
given
By the
One
Who
shaped me
Into who
I became today…
(O azul dos teus olhos
É o céu
No qual eu quero voar
Com as asas
Que me foram dadas
Por aquele
Que moldou
Quem eu,
Hoje,
Me tornei…)
***
domingo, 22 de dezembro de 2019
Nocturne
The gloomy melody was coming out of the old piano as those long fingers,
almost as pale as the ivory keys, stroke them with bold lust, sometimes slowly,
others energetically.
He played with the same sensuality that he strategically used on skin contact:
careful, light, slow and precise, as opposed to the vigour of those big, strong
hands.
The music score was all scribbled in an attempt to always perfect the
work that would never be finished. Was that really perfectionism, laziness or a
not-so-disguised narcissism?
How sad had the autumn become before a bleak, desolate winter was unexpectedly
announced.
- Will you be back?
- One day.
- When? How?
- You'll know.
- Will I?
- Surely. Why
not?
He tried to grin, but his smile was always so sad. How come he'd never
smiled completely, with his eyes, his mouth, his whole face? Those eyes didn't
even have proper wrinkles. Had he never really smiled? Had he never been truly happy?
That seemed more than a simple 'see
you soon' or 'until one day'…
- Will you be
happy?
- I will.
A strange uneasiness in my heart. I wanted so much to hug that
much-desired body again. I gave in to the internal conflict, which ran between
right and wrong; between will, need, and longing, against what seemed
ridiculous and coherent.
‘Damn the
conflict. Who cares? It's now or never again!’
- Can I give
you a hug?
- Sure.
How sad this hug, this anguish, that moment was... I wished I could hate
him. But I couldn't.
How could someone hate those that were so much loved?
I let myself go free from that embrace. My eyes were moist. It was
always so damn hard to let go.
- Don’t cry.
- No. I won't
cry. I never cry, as you know.
He laughed.
- Yeah, right.
He looked at me for the last time with that sad, distant look; almost
indecipherable; almost insurmountable and that was all about his decision to
leave, so abruptly.
And then we parted and he departed. All those parts and pieces were all
partly broken and parted, when he departed like he did. I felt like all parts
of my soul were shattered and scattered around me.
Only his song was left. Out of time. Out of tune and out of rhythm. Just like
my heart…
The many notes were all left loose all over the aged and ripped-up music
score so worn out by the use of those long pale fingers, which were tired of
rewriting them, over and over, so many times and without being able to finish
the piece, for once and for all.
There were also those words, handwritten one after the other, without
metric and without rhymes in an impulsive and poor construction. A mixture of vowels
and consonants, arranged to make some sense, on the yellowed paper sheets and
fading, in time… in the eyes of memory…
A nostalgic, downhearted and unfinished Nocturne, left untouched on the
old and now muted piano, at a strategic point in the living room.
That melancholic music still seemed to fully flood the empty spaces.
The emptiness, as a consequence, was overflowing all those blank spaces,
once so full of life in my body and soul.
In my life there was only the glum, unfinished melody, still vibrating
in the corners of the ambience and memory, like that pseudo-relationship, which
had been suspended in an 'until now'
expectation… infinitely…
***
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Noturno
Tão melancólica melodia, que vinha
daqueles dedos longos e quase tão pálidos quanto o marfim das teclas, a
acariciá-las com atrevida lascívia, ora lenta, outra energicamente.
Tocava, levemente, o velho piano, com a
mesma sensualidade que usava, estrategicamente, no contacto com a pele:
cuidadoso, leve, lento e preciso, em oposição ao vigor daquelas mãos grandes e
fortes.
A partitura estava toda rabiscada, na tentativa
de aperfeiçoar, sempre, a obra inacabada. Aquilo era perfeccionismo, preguiça
ou um não-tão-disfarçado narcisismo?
Quão triste havia-se tornado o outono,
antes de ser anunciado um desolado e sombrio inverno.
- Voltas?
- Um dia.
- Quando?
Como?
- Tu
saberás.
- Mesmo?
- Claro.
Tentou sorrir. Aquele sorriso, sempre
tão triste. Por que razão ele nunca sorria por inteiro, com os olhos, a boca, a
face toda? Aqueles olhos, nem rugas tinham. Será que nunca sorrira, de verdade?
Será que nunca fora feliz, realmente?
Pareceu-lhe mais que um simples ‘até já’… ‘até um dia’…
- Vais
feliz?
- Vou.
Um aperto no coração. Queria tanto abraçar,
de novo, aquele corpo tão desejado. Cedeu ao conflito interno, que discorria
entre o certo e o errado; entre a vontade, a necessidade e o anseio, contra o
que parecia ser ridículo e a coerência.
‘Que se dane
o conflito. É agora ou nunca mais!’
- Posso
dar-te um abraço?
- Claro.
Que triste este abraço, esta angústia,
este momento… Quisera poder odiar. Mas já não conseguia.
Como odiar a quem se
ama tanto?
Desvencilhou-se. Tinha os olhos
húmidos. Era sempre tão difícil.
- Não
chores.
- Não. Não vou
chorar. Eu nunca choro, como sabes.
Riu.
- Claro,
claro.
Olhou, pela derradeira vez, com aquele
olhar triste e distante; quase indecifrável; quase intransponível e prestes a
ausentar-se, assim, tão abruptamente.
E, então, partiu. Partiu a cara. Partiu
o coração. Partiu a louça toda. Até, mesmo, a partitura, que já era uma parte
toda partida, na partida, ficou partida.
Só restou a canção. Fora do tempo. Fora
do ritmo.
Ficaram as notas, todas soltas, numa
pauta envelhecida e carcomida pelo uso e pelos dedos cansados de reescrevê-las,
tantas vezes, sem conseguir finalizar a obra, de uma vez por todas.
Ficaram, também, aquelas palavras,
dispostas uma atrás da outra, sem métrica e sem rimas. Um repente mal
construído. Uma mistura de letras, dispostas nas folhas amareladas, desbotando,
ao tempo… nos olhos da memória…
Um nostálgico, melancólico e inacabado
Nocturno, deixado, intocado, sobre o antigo e, agora, emudecido piano, num ponto
estratégico da sala.
Na sala de estar, aquele som
melancólico ainda parecia preencher os espaços vazios.
No corpo, o vazio ficou preenchendo
todos espaços, antes tão cheios de vida.
Na vida, ficava, apenas, a taciturna
melodia, inacabada, a vibrar nos cantos do ambiente e da memória, como aquele
pseudorelacionamento, que ficou suspenso num ‘até já’… infinitamente…
***
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