I sing my song
To the splendor
And kindness
Of the Archangel
Who touched my cold heart
With warm affection.
I dance
To the harmony
And rhythm
Of sensuality,
Teasing –intentionally-
A Cherub who comes
From a different Heaven
And who makes my soul
Feel enlightened
With waves
Of encouragement.
I recite my verses
To the blowing wind,
Knowing - deep inside -
My voice will be heard
By the only one
Who could be proud
Of the ode
I chant
With all my emotions,
-The one whose eyes
Are like the waters
Of the oceans,
Bright and deep,
Full of astonishing beauty
And unrevealed mysteries;
The one whose smile
Melts my heart away,
Bringing more comfort
To my body,
Than a burning fire
In wintertime.-
I sing my elegy
To the one Muse
-The only one-
Who can understand
That my heart turned into
A better place
Ever since those eyes
Were set on me
With sweet
And tender gentleness
And a most watchful
And devoted friendliness.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Touch of an Angel
An angel touched
My soul
With his right hand
And made me feel
A warm wave of
Love and affection
Like never before,
Bringing excitement
To a life
That was dull
For yet too long.
Before I dove
Into the unknown
And empty void,
He touched
My heart
This time
With his left hand,
Telling me to hold on
And be prepared,
For time
Would come,
When it would be right
To feel
-More-
Than just enthusiasm,
As life
And love
Are more than just
Moments set alone
In time and space
And one-night stands.
The angel touched my emotions
With his both hands
Telling me
Great things were
On the way
If I learned
How to be patient
And linger,
Until time proves
What I was feeling,
Since he laid his hand
On me,
Was worth
The waiting.
My soul
With his right hand
And made me feel
A warm wave of
Love and affection
Like never before,
Bringing excitement
To a life
That was dull
For yet too long.
Before I dove
Into the unknown
And empty void,
He touched
My heart
This time
With his left hand,
Telling me to hold on
And be prepared,
For time
Would come,
When it would be right
To feel
-More-
Than just enthusiasm,
As life
And love
Are more than just
Moments set alone
In time and space
And one-night stands.
The angel touched my emotions
With his both hands
Telling me
Great things were
On the way
If I learned
How to be patient
And linger,
Until time proves
What I was feeling,
Since he laid his hand
On me,
Was worth
The waiting.
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
Em Branco...
Dor… Letargia...
Por que não consigo abrir meus olhos. Que zumbido é este na minha cabeça? Onde estou eu?
Meus pulsos doem, meus braços estão imóveis. Com esforço, abro os olhos, devagar. As imagens vão se ajustando, aos poucos, na luz quase ofuscante do quarto onde estou. Este lugar é estranho.
Flash… Branco…
Tudo aqui é branco. As paredes são brancas. A cama e os lençóis são brancos. A camisa deste jovem é branca…
Não…
Ele está todo trajado em branco. Quem é este homem, que me olha com uma expressão engraçada?
“Calma”, ele pede, ao me ver forçar os braços. Sua voz é calma, branda, relaxante, quase me causa mais sonolência. “Não se mexa muito, para não abrir os ferimentos”.
“Que ferimentos?”, pensei eu. Ele toca minha fronte, como se tentasse perceber se tenho febre.
A pele dele é pálida - talvez pálida demais - mas os olhos… os olhos… são azuis… profundamente azuis. Eles me fazem lembrar… Acho que estou enlouquecendo.
Flash… Azul…
Os olhos de outro homem adornam a face deste jovem, que me olha com um misto de compaixão e curiosidade. Ah! Como eu lembro bem… amei o dono daqueles olhos com todo o meu coração…
Ele sorri, ao me ver fixar o olhar no dele e gemer, baixinho, com dificuldade. Um sorriso tão suave e encantador. Aquela curvinha adorável, decorando o canto da boca bem desenhada. Ele se aproxima e acomoda o travesseiro atrás da minha cabeça. Chego a sentir o perfume suave da pele dele. Parece até que conheço este cheiro, de outra época, de outro lugar…
Este homem me traz o passado de volta, tão nitidamente…
Minhas pálpebras pesam. Tenho sede. Peço água. Quase não reconheço minha própria voz. Estou fraca. Fecho os olhos e as lembranças vêm claras na minha mente.
Vejo a figura dele - seu sorriso, seu porte altivo e encantador… e seus olhos. Quando o vi, pela primeira vez, pareceu-me que dois faróis azuis iluminaram a sala de espera próxima ao portão 21, que se tornou vazia, de repente, no meu delírio momentâneo. Ele era magnífico, como uma grande e imponente fortaleza, não necessariamente intransponível.
Na minha cabeça era mais belo que o era, na realidade, mas eu também não via muita diferença na ocasião. Não percebi que não era tão alto quanto a impressão que me causou.
“Beauty is in the eye of the beholder”…
“Cuidado com os movimentos bruscos”- pediu-me o enfermeiro.
Eu ainda não sabia do que ele falava. Tentei me concentrar, para buscar uma memória que fosse, que explicasse os tais ferimentos.
Minha cabeça dói. As luzes enfraquecem… meus olhos pesam… Acho que vou desfalecer.
Outras vozes se aproximam. A única coisa que consigo distinguir, nesta confusão de sons é uma frase solta: …”os pulsos cortados”…
Flash… Vermelho…
Não queria perder os sentidos, mas meus esforços não pareciam surtir efeito.
Algum deus brincalhão aproximou-o de mim naquele voo. Meu coração deu um salto quando ele se sentou ao meu lado. Surpresa e extasiada pela sua presença, fiz de tudo para que me visse melhor que eu realmente era. Aqueles cativantes olhos de safira mostraram uma certa melancolia que me comoveu de imediato…
- Ah, meu anjo caído! –
… Como eu queria refrescar a sua aflição. Ele mostrou que confiava em mim. E abriu a alma, para que eu pudesse ver que ele era uma pessoa normal, embora não o fosse. Falamos de coisas que outros não falariam, dissemos coisas que o coração queria partilhar - parecíamos grandes amigos, daqueles que a gente não tem vergonha de dizer que ama. E eu percebi que já o amava.
Mais do que deveria… menos que poderia.
Quando ele falava de sofrimento, eu sofria mais que ele. Se ele sorria, eu me alegrava como se fosse a minha própria felicidade. Eu já nem era mais eu. Me tornara confidente e conselheira, mas não era isso que eu queria ser. Eu queria ser mais importante. Queria ser parte da vida dele. Observava-lhe, com cuidado e atenção, os gestos, a forma de falar, a risada dele, solta como de uma criança. Eu me concentrava só nele. Havia sido uma paixão imediata. Justamente eu, que tenho meus pés firmes no chão e que não tenho tendência para obsessão…
Onde está o enfermeiro? Deus me ajude! Não quero deixar aqueles olhos saírem de perto de mim. Não sei se vou suportar isso… outra vez...
Perdi a vergonha de me tornar ridícula, desde que ele soubesse que eu o amava. Ele percebeu, por isso pareceu-me que teve o cuidado de não me dar corda demais. Mas eu já nem tinha mais freio. Deixei-o saber que estava totalmente apaixonada por ele. Ele riu. Eu também. Já ansiava por um reencontro, que ele dizia que também desejava. Por fim, trocamos endereços de e-mail e Messenger. Nossos contactos on-line haveriam de ser frequentes. Pelo menos eu assim pensava.
Como era possível que tanta coisa tenha acontecido em apenas uma viagem com cerca de 10 horas de duração?
Como o mundo parecia pequeno. Como a vida é incrivelmente engraçada e nos dá tanto, em tão pouco tempo. Como aquelas horas passaram rápidas, na viagem que havia sido a maior alegria que eu tivera em muitos anos. A partir daquele dia, passei a amar o Oceano Atlântico e os céus por nos terem aproximado daquela maneira inusitada.
Quando ele partiu, pela mesma porta que eu cruzei, momentos depois, senti meu peito apertar. Ia pegar a conexão para longe e eu ficaria neste lugar. Prometera-me a mim mesma que faria de tudo para diminuir a distância e abreviar o tempo em que ficaríamos afastados um do outro.
Mas não foi tão fácil quanto parecia, a princípio. Ele tinha uma vida toda dele. Eu queria fazer parte dela. A distância lhe dava segurança e mantinha a intimidade debaixo de um chapéu protector, ao qual meu acesso era limitado. Tentei várias vezes programar um reencontro, mas algo sempre se interpunha no meio.
Quando ele estava bem, espaçava os contactos. Quando estava mal e precisava desabafar ou pedir algum favor, ligava-me ou mandava-me mensagens. Eu estava sempre lá. Compreendia as razões dele, mas me martirizava. Para ele, estava sempre pronta, sempre disponível, sempre disposta a ajudar. Em meu coração, cada vez mais, sentia uma insegurança corroer meu espírito, como um veneno, que agia devagar, mas constantemente. Fiz-lhe vários favores, liguei quando teve crises de depressão, incentivei-o a manter-se vivo e ter objectivos palpáveis… enfim, esqueci de mim mesma.
Ele era um sonhador. Eu sonhava com ele. Ele era um deus e, eu, uma simples adoradora. Ele voava. Eu mantinha meus olhos em suas asas e em seu magnífico voo. Ele me inspirava a querer ser melhor… sempre… para impressioná-lo.
Me mordia de ciúmes, quando falava de outras mulheres em sua vida, mas dizia que tudo ia ficar bem, que ele merecia ser feliz, da forma e com quem escolhesse. Era mentira, claro, mas ele tinha que pensar que eu era a rocha onde ele poderia se apoiar. O que eu queria, na realidade, era que ele fosse meu, só meu. E eu estava disposta a fazer qualquer coisa para que isso acontecesse…
Eu nunca perdia a esperança de revê-lo e comecei a insistir sem parar. Ele cedeu aos meus muitos apelos, depois de algum tempo. Me aventurei numa despretensiosa viagem de cerca de três horas, por uma estrada cheia de desvios, até a cidadezinha onde se encontrava, num morno e nublado domingo de verão.
Ele me esperava, sentado num banco da pracinha, em frente à igreja. Veio e sentou-se ao meu lado. Olhei aqueles vívidos olhos azuis e aquela boca magnífica dele. Ele sorriu e eu derreti, ali mesmo, na sua frente… Que sorriso esplêndido ele me presenteava. Toda aquela ansiedade havia valido a pena. Tentei parecer natural, apesar de completamente extasiada pela sua presença. Ele me estendeu a pequena - mas não exactamente delicada - mão e eu apertei-a. Mas não me contentei somente com aquilo. Abracei-o como se fossemos velhos amigos. Minha vontade era bem outra, mas eu não podia ultrapassar nenhuma fronteira, antes do tempo. Almoçamos juntos e, depois, andamos sem destino certo pelas ruas.
(Ah! Como eu fazia questão de caminhar devagar e esbarrar despropositada - mas, ao mesmo tempo, propositadamente - nele, só para sentir o contacto com seu corpo, que eu já desejava loucamente).
Paramos para tomar sorvete e ele disse, então, que tinha que ir para a casa da namorada. Fingi que não percebi a subtileza da saída e dei-lhe mais um abraço, despedindo-me. Desta vez meu coração apertou-se mais que o abraço que lhe dei. Eu queria que ele me tomasse nos braços, que me dissesse que ia sentir minha falta e que me amava. Talvez me amasse… mas somente como um amigo. Aquilo não era justo, depois de tudo que eu havia passado por aquele encontro.
(You´re so fucking special… I wish I was special…)*
A caminho de casa, estava feliz, por havê-lo reencontrado… e tragicamente triste, ao mesmo tempo, lutando para aceitar a minha condição de amiga, somente. Eu não podia deixar a magia quebrar. Não ia desistir assim tão facilmente. Tentei, desesperadamente, manter a comunicação activa. Vigiava o Messenger o tempo todo, iniciando conversa assim que ele entrava. Pedi-lhe que não desistisse de mim. Ele prometeu que isso não iria acontecer, mas não cumpriu a promessa e eu sabia porque. Escrevi-lhe muitas mensagens, fingindo que estava tudo bem. Por fim, disse-lhe que sentia a distância aumentar entre nós. Ele, porém, não se deu ao trabalho de responder. Nossos contactos cessaram, assim, abruptamente.
Eu entrei em depressão profunda. Sofri muito com aquele silêncio, pois não estava preparada para o fim de uma relação que eu considerava tão importante e que me havia feito feliz por tanto tempo. Me sentia triste, decepcionada e rejeitada. Eu tinha que fazer alguma coisa, urgentemente, antes que perdesse, por completo, a vontade de viver.
Foi então que decidi reprimir, bloqueando de vez, tudo que eu pudesse sentir por alguém – tanto as coisas boas quanto as más. Para evitar sentir a dor da solidão e a sensação de abandono, endureci meu coração e passei a não sentir mais nada por ninguém. Mergulhei de cabeça no trabalho e somente nele… No começo foi difícil me concentrar, mas acabei me adaptando.
Um dia, quando menos esperava, voltou a contactar-me, brevemente… laconicamente. Apesar de uma sensação estranha manifestar-se em meu peito, tentei parecer natural. Perguntei-lhe como se sentia. Me disse que estava tranquilo. Não me disse que estava feliz. Mas percebi que eu já não me impressionava tanto com a sua sorte. A vida brincava comigo.
Aquilo me fez pensar na forma que estava me conduzindo. Eu não sabia se sentia necessidade de alguém ou saudade de mim mesma - daquela que havia sido. Havia-me transformado numa mulher amarga e sem consideração pelas pessoas. No meu peito havia, apenas, um bloco de gelo, envolto numa capa de aço. Eu não era triste, nem feliz – era indiferente.
Meu coração estava calejado, machucado e frio… mas havia algo vivo, ainda pulsando, lá no fundo… Senti, então, que aquela circunstância me fazia envergonhada do que havia-me tornado. Aquela sensação estranha, que se manifestara no meu peito, me fizera sentir a vontade de experimentar, novamente, alguma sensação real… Nem que fosse alguma dor…
A dor física, na verdade, não me incomodava… Ela não chegava nem perto da outra, que afligia meu espírito…
Flash… Vermelho…
Ao abrir a porta, chegando em casa, há poucos dias, meus olhos captaram o brilho do aço inoxidável, no instrumento em cima da mesa…
… Os ferimentos nos meus braços… Agora lembro... Cortei-me, para ter certeza que ainda sentia alguma coisa… Uma atitude desesperada e radical, para garantir-me que ainda estava viva por dentro.
Já sei como devo ter vindo parar neste lugar…
O enfermeiro se aproxima, provavelmente ao perceber que meu semblante mudou. Agora que vejo estes seus “faróis azuis” assim tão perto, iluminando minha alma alquebrada, quase esqueço o que passei, por um homem que não mereceu meu amor. Apesar de muitas semelhanças, este outro mostra uma dedicação diferenciada pela pobre mulher deitada, com os braços atados e pulsos envoltos em uma longa faixa de gaze. Eu até consigo perceber quão especialmente ele me vê, somente pela forma com que me olha e me trata nesta cama de hospital.
Minha alma está atraída como magneto, por estes olhos. A roda-viva recomeçou seu movimento contínuo, dentro da minha cabeça. Sinto uma chama reacender-se em meu peito e borboletas voarem no meu estômago.
Um simples olhar pode mudar o rumo dos acontecimentos e da minha história? Já sonho em estar em seus braços, em fazer aquilo que não fiz anteriormente…
Não hesitarei em fazê-lo ver-me por uma lente mais especial ainda. Nem que para isto tenha que voltar cá… de alguma maneira.
Flash…. Branco…
Tenho notado aqueles mesmos olhos a me observarem, quase acidentalmente, de uma mesa à frente da minha, no restaurante em que almoço. Procuro sempre avistá-los, para ter certeza que, mesmo disfarçadamente ou fingindo desinteresse, há a curiosidade de saber onde eu estou. Eu sei que ele tem interesse em mim, sem dúvida nenhuma. Não o perco de vista, do momento em que entra, até a hora em que sai do meu campo de visão. O destino quer, definitivamente, brincar mais um pouco com meu coração.
Ele sempre veste branco. Descobri seu nome recentemente. Fiz umas pequenas investigações, por conta própria. Uma mulher tem que saber usar seus recursos para obter informações. E eu, diga-se de passagem, sei muito bem como fazer isto, já que frequentamos o mesmo local, todos os dias de semana, no mesmo horário. Já sei que este jovem homem de lindos olhos azuis faz plantão esta noite.
A tentação tem sido impossível de resistir. Tive uma ideia que me aproximaria dele, de maneira casualmente premeditada... Planeei a estratégia cuidadosamente, para parecer aquilo que não é, na realidade…
Quanto tempo leva o tempo a fechar os sulcos abertos pela dor da saudade ou da indiferença, afinal?
Ainda tive uma última visão do fio da tesoura, sujo de sangue, quando fui socorrida pelos homens da emergência, antes de perder os sentidos, momentaneamente, em meio à grande poça de líquido vermelho, formada no chão, à minha volta…
Ele sorri subtilmente ao me ver entrar. Não me pareceu surpreso, quando a ambulância me trouxe, deitada na maca, entrando às pressas pela emergência a dentro, com os pulsos vertendo sangue. Mal sabe ele que eu faria de tudo para voltar a ter a sua atenção, só para mim, outra vez…
Ainda ouço, antes de desfalecer de fraqueza, vozes que não sei se são reais ou não.
“Déja-vu?”
“Pois é. Parecem mais profundos, desta vez.”
“Por que ainda não internaram esta maluca num manicómio? Preparo os instrumentos de cirurgia?”
“Sim, claro…. Como de costume! Deixe-os perto da mesa, na sala, ao alcance da mão.”
“Depois, colocamos no mesmo quarto? A Administração vai ter que saber disso…”
“Tenho certeza que sim. Certifique-se somente que não haja nenhum instrumento cortante por perto! Mande trazer talheres de plástico, por via das dúvidas.”
Por que não consigo abrir meus olhos. Que zumbido é este na minha cabeça? Onde estou eu?
Meus pulsos doem, meus braços estão imóveis. Com esforço, abro os olhos, devagar. As imagens vão se ajustando, aos poucos, na luz quase ofuscante do quarto onde estou. Este lugar é estranho.
Flash… Branco…
Tudo aqui é branco. As paredes são brancas. A cama e os lençóis são brancos. A camisa deste jovem é branca…
Não…
Ele está todo trajado em branco. Quem é este homem, que me olha com uma expressão engraçada?
“Calma”, ele pede, ao me ver forçar os braços. Sua voz é calma, branda, relaxante, quase me causa mais sonolência. “Não se mexa muito, para não abrir os ferimentos”.
“Que ferimentos?”, pensei eu. Ele toca minha fronte, como se tentasse perceber se tenho febre.
A pele dele é pálida - talvez pálida demais - mas os olhos… os olhos… são azuis… profundamente azuis. Eles me fazem lembrar… Acho que estou enlouquecendo.
Flash… Azul…
Os olhos de outro homem adornam a face deste jovem, que me olha com um misto de compaixão e curiosidade. Ah! Como eu lembro bem… amei o dono daqueles olhos com todo o meu coração…
Ele sorri, ao me ver fixar o olhar no dele e gemer, baixinho, com dificuldade. Um sorriso tão suave e encantador. Aquela curvinha adorável, decorando o canto da boca bem desenhada. Ele se aproxima e acomoda o travesseiro atrás da minha cabeça. Chego a sentir o perfume suave da pele dele. Parece até que conheço este cheiro, de outra época, de outro lugar…
Este homem me traz o passado de volta, tão nitidamente…
Minhas pálpebras pesam. Tenho sede. Peço água. Quase não reconheço minha própria voz. Estou fraca. Fecho os olhos e as lembranças vêm claras na minha mente.
Vejo a figura dele - seu sorriso, seu porte altivo e encantador… e seus olhos. Quando o vi, pela primeira vez, pareceu-me que dois faróis azuis iluminaram a sala de espera próxima ao portão 21, que se tornou vazia, de repente, no meu delírio momentâneo. Ele era magnífico, como uma grande e imponente fortaleza, não necessariamente intransponível.
Na minha cabeça era mais belo que o era, na realidade, mas eu também não via muita diferença na ocasião. Não percebi que não era tão alto quanto a impressão que me causou.
“Beauty is in the eye of the beholder”…
“Cuidado com os movimentos bruscos”- pediu-me o enfermeiro.
Eu ainda não sabia do que ele falava. Tentei me concentrar, para buscar uma memória que fosse, que explicasse os tais ferimentos.
Minha cabeça dói. As luzes enfraquecem… meus olhos pesam… Acho que vou desfalecer.
Outras vozes se aproximam. A única coisa que consigo distinguir, nesta confusão de sons é uma frase solta: …”os pulsos cortados”…
Flash… Vermelho…
Não queria perder os sentidos, mas meus esforços não pareciam surtir efeito.
Algum deus brincalhão aproximou-o de mim naquele voo. Meu coração deu um salto quando ele se sentou ao meu lado. Surpresa e extasiada pela sua presença, fiz de tudo para que me visse melhor que eu realmente era. Aqueles cativantes olhos de safira mostraram uma certa melancolia que me comoveu de imediato…
- Ah, meu anjo caído! –
… Como eu queria refrescar a sua aflição. Ele mostrou que confiava em mim. E abriu a alma, para que eu pudesse ver que ele era uma pessoa normal, embora não o fosse. Falamos de coisas que outros não falariam, dissemos coisas que o coração queria partilhar - parecíamos grandes amigos, daqueles que a gente não tem vergonha de dizer que ama. E eu percebi que já o amava.
Mais do que deveria… menos que poderia.
Quando ele falava de sofrimento, eu sofria mais que ele. Se ele sorria, eu me alegrava como se fosse a minha própria felicidade. Eu já nem era mais eu. Me tornara confidente e conselheira, mas não era isso que eu queria ser. Eu queria ser mais importante. Queria ser parte da vida dele. Observava-lhe, com cuidado e atenção, os gestos, a forma de falar, a risada dele, solta como de uma criança. Eu me concentrava só nele. Havia sido uma paixão imediata. Justamente eu, que tenho meus pés firmes no chão e que não tenho tendência para obsessão…
Onde está o enfermeiro? Deus me ajude! Não quero deixar aqueles olhos saírem de perto de mim. Não sei se vou suportar isso… outra vez...
Perdi a vergonha de me tornar ridícula, desde que ele soubesse que eu o amava. Ele percebeu, por isso pareceu-me que teve o cuidado de não me dar corda demais. Mas eu já nem tinha mais freio. Deixei-o saber que estava totalmente apaixonada por ele. Ele riu. Eu também. Já ansiava por um reencontro, que ele dizia que também desejava. Por fim, trocamos endereços de e-mail e Messenger. Nossos contactos on-line haveriam de ser frequentes. Pelo menos eu assim pensava.
Como era possível que tanta coisa tenha acontecido em apenas uma viagem com cerca de 10 horas de duração?
Como o mundo parecia pequeno. Como a vida é incrivelmente engraçada e nos dá tanto, em tão pouco tempo. Como aquelas horas passaram rápidas, na viagem que havia sido a maior alegria que eu tivera em muitos anos. A partir daquele dia, passei a amar o Oceano Atlântico e os céus por nos terem aproximado daquela maneira inusitada.
Quando ele partiu, pela mesma porta que eu cruzei, momentos depois, senti meu peito apertar. Ia pegar a conexão para longe e eu ficaria neste lugar. Prometera-me a mim mesma que faria de tudo para diminuir a distância e abreviar o tempo em que ficaríamos afastados um do outro.
Mas não foi tão fácil quanto parecia, a princípio. Ele tinha uma vida toda dele. Eu queria fazer parte dela. A distância lhe dava segurança e mantinha a intimidade debaixo de um chapéu protector, ao qual meu acesso era limitado. Tentei várias vezes programar um reencontro, mas algo sempre se interpunha no meio.
Quando ele estava bem, espaçava os contactos. Quando estava mal e precisava desabafar ou pedir algum favor, ligava-me ou mandava-me mensagens. Eu estava sempre lá. Compreendia as razões dele, mas me martirizava. Para ele, estava sempre pronta, sempre disponível, sempre disposta a ajudar. Em meu coração, cada vez mais, sentia uma insegurança corroer meu espírito, como um veneno, que agia devagar, mas constantemente. Fiz-lhe vários favores, liguei quando teve crises de depressão, incentivei-o a manter-se vivo e ter objectivos palpáveis… enfim, esqueci de mim mesma.
Ele era um sonhador. Eu sonhava com ele. Ele era um deus e, eu, uma simples adoradora. Ele voava. Eu mantinha meus olhos em suas asas e em seu magnífico voo. Ele me inspirava a querer ser melhor… sempre… para impressioná-lo.
Me mordia de ciúmes, quando falava de outras mulheres em sua vida, mas dizia que tudo ia ficar bem, que ele merecia ser feliz, da forma e com quem escolhesse. Era mentira, claro, mas ele tinha que pensar que eu era a rocha onde ele poderia se apoiar. O que eu queria, na realidade, era que ele fosse meu, só meu. E eu estava disposta a fazer qualquer coisa para que isso acontecesse…
Eu nunca perdia a esperança de revê-lo e comecei a insistir sem parar. Ele cedeu aos meus muitos apelos, depois de algum tempo. Me aventurei numa despretensiosa viagem de cerca de três horas, por uma estrada cheia de desvios, até a cidadezinha onde se encontrava, num morno e nublado domingo de verão.
Ele me esperava, sentado num banco da pracinha, em frente à igreja. Veio e sentou-se ao meu lado. Olhei aqueles vívidos olhos azuis e aquela boca magnífica dele. Ele sorriu e eu derreti, ali mesmo, na sua frente… Que sorriso esplêndido ele me presenteava. Toda aquela ansiedade havia valido a pena. Tentei parecer natural, apesar de completamente extasiada pela sua presença. Ele me estendeu a pequena - mas não exactamente delicada - mão e eu apertei-a. Mas não me contentei somente com aquilo. Abracei-o como se fossemos velhos amigos. Minha vontade era bem outra, mas eu não podia ultrapassar nenhuma fronteira, antes do tempo. Almoçamos juntos e, depois, andamos sem destino certo pelas ruas.
(Ah! Como eu fazia questão de caminhar devagar e esbarrar despropositada - mas, ao mesmo tempo, propositadamente - nele, só para sentir o contacto com seu corpo, que eu já desejava loucamente).
Paramos para tomar sorvete e ele disse, então, que tinha que ir para a casa da namorada. Fingi que não percebi a subtileza da saída e dei-lhe mais um abraço, despedindo-me. Desta vez meu coração apertou-se mais que o abraço que lhe dei. Eu queria que ele me tomasse nos braços, que me dissesse que ia sentir minha falta e que me amava. Talvez me amasse… mas somente como um amigo. Aquilo não era justo, depois de tudo que eu havia passado por aquele encontro.
(You´re so fucking special… I wish I was special…)*
A caminho de casa, estava feliz, por havê-lo reencontrado… e tragicamente triste, ao mesmo tempo, lutando para aceitar a minha condição de amiga, somente. Eu não podia deixar a magia quebrar. Não ia desistir assim tão facilmente. Tentei, desesperadamente, manter a comunicação activa. Vigiava o Messenger o tempo todo, iniciando conversa assim que ele entrava. Pedi-lhe que não desistisse de mim. Ele prometeu que isso não iria acontecer, mas não cumpriu a promessa e eu sabia porque. Escrevi-lhe muitas mensagens, fingindo que estava tudo bem. Por fim, disse-lhe que sentia a distância aumentar entre nós. Ele, porém, não se deu ao trabalho de responder. Nossos contactos cessaram, assim, abruptamente.
Eu entrei em depressão profunda. Sofri muito com aquele silêncio, pois não estava preparada para o fim de uma relação que eu considerava tão importante e que me havia feito feliz por tanto tempo. Me sentia triste, decepcionada e rejeitada. Eu tinha que fazer alguma coisa, urgentemente, antes que perdesse, por completo, a vontade de viver.
Foi então que decidi reprimir, bloqueando de vez, tudo que eu pudesse sentir por alguém – tanto as coisas boas quanto as más. Para evitar sentir a dor da solidão e a sensação de abandono, endureci meu coração e passei a não sentir mais nada por ninguém. Mergulhei de cabeça no trabalho e somente nele… No começo foi difícil me concentrar, mas acabei me adaptando.
Um dia, quando menos esperava, voltou a contactar-me, brevemente… laconicamente. Apesar de uma sensação estranha manifestar-se em meu peito, tentei parecer natural. Perguntei-lhe como se sentia. Me disse que estava tranquilo. Não me disse que estava feliz. Mas percebi que eu já não me impressionava tanto com a sua sorte. A vida brincava comigo.
Aquilo me fez pensar na forma que estava me conduzindo. Eu não sabia se sentia necessidade de alguém ou saudade de mim mesma - daquela que havia sido. Havia-me transformado numa mulher amarga e sem consideração pelas pessoas. No meu peito havia, apenas, um bloco de gelo, envolto numa capa de aço. Eu não era triste, nem feliz – era indiferente.
Meu coração estava calejado, machucado e frio… mas havia algo vivo, ainda pulsando, lá no fundo… Senti, então, que aquela circunstância me fazia envergonhada do que havia-me tornado. Aquela sensação estranha, que se manifestara no meu peito, me fizera sentir a vontade de experimentar, novamente, alguma sensação real… Nem que fosse alguma dor…
A dor física, na verdade, não me incomodava… Ela não chegava nem perto da outra, que afligia meu espírito…
Flash… Vermelho…
Ao abrir a porta, chegando em casa, há poucos dias, meus olhos captaram o brilho do aço inoxidável, no instrumento em cima da mesa…
… Os ferimentos nos meus braços… Agora lembro... Cortei-me, para ter certeza que ainda sentia alguma coisa… Uma atitude desesperada e radical, para garantir-me que ainda estava viva por dentro.
Já sei como devo ter vindo parar neste lugar…
O enfermeiro se aproxima, provavelmente ao perceber que meu semblante mudou. Agora que vejo estes seus “faróis azuis” assim tão perto, iluminando minha alma alquebrada, quase esqueço o que passei, por um homem que não mereceu meu amor. Apesar de muitas semelhanças, este outro mostra uma dedicação diferenciada pela pobre mulher deitada, com os braços atados e pulsos envoltos em uma longa faixa de gaze. Eu até consigo perceber quão especialmente ele me vê, somente pela forma com que me olha e me trata nesta cama de hospital.
Minha alma está atraída como magneto, por estes olhos. A roda-viva recomeçou seu movimento contínuo, dentro da minha cabeça. Sinto uma chama reacender-se em meu peito e borboletas voarem no meu estômago.
Um simples olhar pode mudar o rumo dos acontecimentos e da minha história? Já sonho em estar em seus braços, em fazer aquilo que não fiz anteriormente…
Não hesitarei em fazê-lo ver-me por uma lente mais especial ainda. Nem que para isto tenha que voltar cá… de alguma maneira.
Flash…. Branco…
Tenho notado aqueles mesmos olhos a me observarem, quase acidentalmente, de uma mesa à frente da minha, no restaurante em que almoço. Procuro sempre avistá-los, para ter certeza que, mesmo disfarçadamente ou fingindo desinteresse, há a curiosidade de saber onde eu estou. Eu sei que ele tem interesse em mim, sem dúvida nenhuma. Não o perco de vista, do momento em que entra, até a hora em que sai do meu campo de visão. O destino quer, definitivamente, brincar mais um pouco com meu coração.
Ele sempre veste branco. Descobri seu nome recentemente. Fiz umas pequenas investigações, por conta própria. Uma mulher tem que saber usar seus recursos para obter informações. E eu, diga-se de passagem, sei muito bem como fazer isto, já que frequentamos o mesmo local, todos os dias de semana, no mesmo horário. Já sei que este jovem homem de lindos olhos azuis faz plantão esta noite.
A tentação tem sido impossível de resistir. Tive uma ideia que me aproximaria dele, de maneira casualmente premeditada... Planeei a estratégia cuidadosamente, para parecer aquilo que não é, na realidade…
Quanto tempo leva o tempo a fechar os sulcos abertos pela dor da saudade ou da indiferença, afinal?
*
Ainda tive uma última visão do fio da tesoura, sujo de sangue, quando fui socorrida pelos homens da emergência, antes de perder os sentidos, momentaneamente, em meio à grande poça de líquido vermelho, formada no chão, à minha volta…
Ele sorri subtilmente ao me ver entrar. Não me pareceu surpreso, quando a ambulância me trouxe, deitada na maca, entrando às pressas pela emergência a dentro, com os pulsos vertendo sangue. Mal sabe ele que eu faria de tudo para voltar a ter a sua atenção, só para mim, outra vez…
Ainda ouço, antes de desfalecer de fraqueza, vozes que não sei se são reais ou não.
“Déja-vu?”
“Pois é. Parecem mais profundos, desta vez.”
“Por que ainda não internaram esta maluca num manicómio? Preparo os instrumentos de cirurgia?”
“Sim, claro…. Como de costume! Deixe-os perto da mesa, na sala, ao alcance da mão.”
“Depois, colocamos no mesmo quarto? A Administração vai ter que saber disso…”
“Tenho certeza que sim. Certifique-se somente que não haja nenhum instrumento cortante por perto! Mande trazer talheres de plástico, por via das dúvidas.”
domingo, 2 de janeiro de 2011
Sobreviver
Sentado,
À beira do mar,
Olhei a distância
Com uma ponta
De nostalgia
Perfurando meu peito.
Duas lágrimas lavaram
Meus olhos e,
Talvez,
Minha alma,
Queimando seu caminho,
Face abaixo.
Chorei
Pela beleza do que foi…
- Uma melancolia somente –
Nem mágoa,
Nem desespero.
O tempo é,
Por demais,
Um sábio “senhor”.
Filtra as dores,
Deixa, apenas,
As boas lembranças
E as saudades.
Por ora,
Eu precisava estar
Só.
Tinha muita coisa
A acertar
Com meus fantasmas
E minhas dores.
Mas, pensei:
Eu vou sobreviver…
Sei que vou…
(sempre soube).
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Walking with Phil...
“Joe, please take me for a walk”.
He looked at me with his persuasive deep green eyes and that charming and dazzling smile he used to especially wear when he wanted to convince me to follow him. I could not - and would never try to - resist his plea. The invitation was the code especially created between ourselves to say things to each other without being too obvious.
As expected, he was lovelier than ever. I noticed, anyhow, just by looking at him, there was something else. I was too used to him not to sense that he wanted to tell me something serious and I could undoubtedly see that urge in his eyes. We walked together for a while, side by side. His charismatic and handsome features, allied to the energy he irradiated, made me feel younger and stronger, in spite of the age difference between us. I had the impression he was getting more mature every day that passed by.
When we were together, I believed someone actually liked me. If I was right or wrong it did not really matter. What mattered was how I felt inside… and I felt good. He had the power of turning my existence lighter and my problems smaller anyhow.
I was attracted by that sweet melancholy in his eyes, the easy and open way he’d give his heart away to love and the way he charmed my eyes… but what I valued with all my passion was the good times and laughter we shared when we were in each other’s company. His presence and friendship were what I treasured most in my life.
I still remember the day we first met. He was alone and quiet and had a heartbreaking look in his eyes. Feeling lonely myself, I studied his uneasiness for some time, then carefully walked up to him and asked if he was tired of something or simply feeling sad. He told me he was bored. I accepted that straightforward statement as a challenge. After some minutes of conversation, we were laughing together and I noticed he was relaxed and had forgotten about things that were making him feel the tedious minutes dragging around him like hours. We still chatted for a while before saying goodbye to each other as if we were long time friends.
Later on, when we gathered around again, he received me with a wonderful and warm grin, showing the affection I was not prepared yet to be introduced with. His eyes had a different sparkle and I felt a pinch in my stomach, warning my reason I was more involved with him and with that situation than I was supposed to be. Among many other things, I asked him what he liked doing. He told me he liked “to walk” and we laughed, when he noticed what the following sentence was. From that episode on we started to use that code when wanted to refer to physical contact.
He looked astonished, however, when I invited him to walk with me, not long afterwards. It was the natural path we would have to trail, but he was caught by surprise, anyway. We walked together some times. Every time we did, it was even better than the previous one.
We used to talk about many different things. From all about ourselves to the music we liked – we had so many things in common - similar tastes, lives alike - it was hard to believe. He told me once about a relationship with an older woman. I knew what he was going through, based on my own experience.
So much in common…
I learned how to make him smile and also how to make him blush. His eyes would guide me through the darkness, but it was his smile which was light to my days. Seeing him was like sighting the powerful beam of the lighthouse standing proudly on the shore, after a turbulent night out in the darkest sea.
That day, however, when I set my eyes on him, I immediately detected a strange sadness - and impatience of a kind - in his eyes… something I had never seen before. His lips would not outline a smile to me, the thing I most adored to spot on his lovely and young face.
“What’s the matter, my sweet friend? Why are you so serious?” I asked him.
“I have big problems worrying me, Joe. I cannot simply pretend everything is OK and smile, when I am not at ease”.
He said nothing further than that. When I realized he did not want to tell me anything else, I said: “I understand, my dear”.
Understanding and being patient were two different things for me. Youth and patience do not go too well together, I knew it for sure, as I had been that young before he had. Serenity would only come up along with age and I was still struggling to get some.
I decided to leave it alone for the moment. Going for a walk would not work either, I knew. I did not ask anything else, neither did I insist on trying to have any other friendlier approach to the matter. He was lord of his life and problems and I respected that with all my appreciation.
Days would have passed until we’d see each other again and maybe he would tell me. From experience, I knew the so-called “big problems” could be either related to family, women and/or relationships or money. I was almost sure it was money, but chose to let it go quiet until the moment he would be ready to come back to me and tell me more.
Maybe time would soothe his pain away and bring rest to his wings - those little features he had on his back and wanted them to be bigger, as he confided to me one day.
As I suspected, money was the issue. He needed more than just wasting his precious time for low incomes as his ambitions were far higher. He stated clearly and categorically that was his problem and he would have to face it and sort it out by himself.
I admired him for being so determined to fight for what he wanted for his life and his future. For such a young man, he knew exactly where he wanted to be and had a clear idea on how to get there. Unfortunately for the sake of that mild relationship, he was prepared for a battle I could not be part of. With a serious look on his face he told me he would be leaving the soonest possible.
I was shaken by the unwelcome news but did not show any signal I would interfere in that decision. I felt, however, as if my soul was being pierced without any mercy by the sharp tip of an evil spear.
How would we be in contact after he was gone? He asked me to think of ways. I could not find many… just had a vague idea of how to and told him. He smiled.
“You're very clever, Joe. Very clever indeed... This is not over yet”, he said.
***
“You know music is my life.”
That statement was far more serious than I expected it to be, so I asked him:
“What song would you chose for a walk with me?” “
Ockap”, he said, “Between you and me”.
When I asked him why, he said he did not know, but I assumed he just did not want to tell me what his heart was feeling at that moment, maybe on behalf of his self preservation.
I said: “if I had to choose a song to remind me of you it would be ‘My immortal’ by Evanescence - and you know why”.
He smiled softly, looked at me tenderly, put the song to play... and asked me, as if it were the most natural thing to be done:
“Joe, shall we walk?”
How could I refuse to give in to his proposal, if minutes before I was weeping for the loss I was about to be forced to accept?
That time he tasted my emotions with hungry eyes. He looked at me as if he wanted to keep all he could in his memory from that very moment on. The only thing I could say was “stay with me, please”. I wanted to be there forever, indefinitely looking at him, making him a part of my secluded and warped life. My heart was broken again, but I resisted my tears. I looked at him for as long as I could. His body was a wonder I would no longer share the pleasure with. His poignant eyes would no longer be light to my days. His smile would no longer keep me away from distress. His wings would still be broad enough. His flight, however, was taking him away from me.
When I was left on my own, though, I cried for the loss and for the solitude I started to feel.
***
I was sitting at the edge of the bed staring at the angel who was lying in there, not far from where I was. He was a tiger with lion heart and angel wings. He moved slowly, stretched out, lazily opened his eyes and looked at me… smiling.
He then got up, came to my direction and rested his hands on my shoulders, kissing my head - lightly. The sensation I had was the touch of an angel’s wing on my head. I closed my eyes, feeling a tempest of my own tears drowning my busted soul.
Unacquainted of the battle I was fighting inside, he walked off on his way to the shower. I did not follow him, just watched the way he moved, so graciously in the room, like a beautiful and strong feline – sometimes tamed, sometimes wild - attracting my attention like a magnet. As if noticing my eyes on his back, he turned his head around and smiled again.
Oh, God! That gorgeous grin of his… I could stare at his joyful face for the rest of my days… and he was fully aware of that.
I am not good at farewells, I recognize it. Before my emotions were deeper into sorrow and misery, I stood up, put my clothes back on and left to the door. Saying goodbye would be the worst thing to do, as I knew I could never release him from my grip if I did. All I wanted was to be his… and that would not be possible any more.
Before leaving for good I stopped, listening to the sound of the running water coming from the bathroom. The image he was washing the last traces of my presence from his life, came to my mind, anticipating the nostalgia of future times, as a gloomy shadow crossed my spirit. I, before inevitably closing that door behind me, heard him say the words that still keep on echoing in my ears.
“It is not over yet, Joe. I will be waiting for you”.
Holding the door knob in my cold hand, I bit my lower lip and shut my eyes, taking a deep breath. He knew very well how to tease me and how to catch me. My passion was overflowing in devoted tears when I whispered, more to myself than to be really heard:
“I love you, my angel. Never forget that”.
I dropped the apartment keys on top of the table at the entrance, feeling shuddered and entirely distraught inside. At that very moment I was leaving pieces of my shattered heart right there, aside of the keys.
Then I pulled the door behind my back and walked away decided not to look back ever again.
domingo, 28 de novembro de 2010
Toques...
Essa canção que toca
E que me toca,
Com seu toque de veludo,
De lixa
E de navalha,
Me faz lembrar de ti,
Me arranha o coração,
Mas me acalma a alma,
Fazendo de mim
Um misto de incoerências,
Que lutam
Para sobreviver,
Em harmonia
De notas e cores,
Na tela antes intacta,
Que era minha emoção.
E que me toca,
Com seu toque de veludo,
De lixa
E de navalha,
Me faz lembrar de ti,
Me arranha o coração,
Mas me acalma a alma,
Fazendo de mim
Um misto de incoerências,
Que lutam
Para sobreviver,
Em harmonia
De notas e cores,
Na tela antes intacta,
Que era minha emoção.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Joy
Have you ever felt
Like being
The joy
Of someone else’s days?
The one
Who would be
Able to bring
Soothing relief
To a broken heart,
An open smile
To a sad face
And amusement
To empty eyes?
Have you ever felt
Happy
For the joy
Of your loved one
Being changed
Into your own,
By the simplicity
Of a charming
And open grin?
Have you ever loved
Someone else
So much
That you forgot
To be any important
To your own self?
If you had ever,
Then you would know
How I feel
At this very moment…
Like being
The joy
Of someone else’s days?
The one
Who would be
Able to bring
Soothing relief
To a broken heart,
An open smile
To a sad face
And amusement
To empty eyes?
Have you ever felt
Happy
For the joy
Of your loved one
Being changed
Into your own,
By the simplicity
Of a charming
And open grin?
Have you ever loved
Someone else
So much
That you forgot
To be any important
To your own self?
If you had ever,
Then you would know
How I feel
At this very moment…
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