domingo, 25 de outubro de 2009

Todos os sentidos

Eu ando pelas ruas,
Com os sentidos
- Todos –
Em alerta,
Percebendo os detalhes
Que vão passando
Pelos meus olhos,
Ouvindo os sons
De todas as fontes,
Aspirando os perfumes
De todas as eras,
Sentindo as águas
De todas as chuvas …
Eu ando pela vida,
Ouvindo as músicas
De todas as origens,
Provando os sabores
De todas as culturas,
Sentindo, na pele,
Os prazeres
De todos os amores,
E, no coração,
As emoções
De todas as paixões…
Eu ando
- Solto –
Pelo mundo,
Em terras
Que não são minhas,
Com gentes
De todas as raças,
Bebendo,
Em todas as fontes,
A sabedoria
Que me falta,
Para navegar
Os mares
De todos os oceanos.
Eu ando pelas noites,
Me cobrindo
Com o manto
De todas as estrelas,
Me guiando pela luz
De todos os luares,
Sonhando os devaneios
De todos os anseios,
Enquanto os dias
Não rasgam
A escuridão,
Com sua luz
Sorridente.
Eu ando pelos dias,
Sob o brilho
De todos os sóis,
Em campos de todas as flores,
Sentindo o perfume
De todas as essências,
Nos vapores
De todas as manhãs,
Enquanto os ventos
Espalham as sementes
De todas as plantas,
Nos jardins
De todos os Édens.
Eu ando entre os rostos,
A procurar a luz
De todos os olhares,
A vibrar
Na imensidão
Dos ruídos
De todas as vertentes,
Buscando respostas
Nas vozes
De todos os ventos,
Enquanto observo os detalhes
Despercebidos
A todas as preocupações
Quotidianas,
Que caminham
Ensimesmadas,
Entre o peso
De todas as responsabilidades,
Sem perceber
Que a beleza
Sente a falta
- Constante –
De observadores
Generosos…

Parceria (Para Natasha)

Uma janela
Que se abre
Para o mundo
E uma porta
Que se abre
Para a vida;
Leve como a semente
De dente de leão,
Solta no ar do verão
E forte como o aço,
Que sustenta as estruturas;
Suave como uma brisa
E vigoroso como um furacão;
É trovão no meio da noite
E sol depois da tempestade;
É rio que corre,
Para desaguar no mar
E semente que brota
Depois do inverno;
É dor que dói na alma
E paz que alivia
O coração;
É olhar que se perde
À distância
E os lábios que se aproximam
E se tocam
Na intimidade
Interminável
Da parceria;
É silêncio tranquilo na alma
E grito no coração;
É abrigo das tempestades
E chuva de verão
É choro de saudade
E abraço de reencontro;
É o fogo que aquece
E a brisa que refresca;
É centelha no olhar
E incêndio no peito;
É algema que prende
E chave que liberta;
É perdoar sempre
E magoar nunca;
É um segundo de angústia,
Que dura uma eternidade
E horas de alegria,
Que nunca duram o suficiente;
É o abraço que aquece na chegada
E aquele adeus que esfria a espinha;
É muita conversa
E muito silêncio;
São as canções compartilhadas
E as vozes em meio-tom;
É a dança em contratempo,
Atrapalhando os passos um do outro,
Numa brincadeira de dois;
É amadurecer juntos
E manter o coração de criança;
É tentar manter o sorriso,
Quando as lágrimas inundam a alma,
Com a dor do outro;
É aprender a voar,
Porque os pés
Já não tocam o chão;
É mergulhar num oceano
De incertezas,
Sabendo que vão navegar juntos,
Em qualquer tempo;
É segurar a mão do outro,
Quando o medo
Quer invadir os sentidos
E ser destemido
E avançar
Contra o desconhecido,
Porque a gente tudo pode
Quando está junto do outro…
É ser precioso,
Porque não pode ser diferente;
É ser gigante,
Porque não cabe ser pequeno;
Não é perfeito
E nunca vai ser,
Mas é paixão
E conforto,
Alegria,
Cumplicidade
E uma amizade terna
E eterna…

sábado, 10 de outubro de 2009

Platônico (Excerpt)

O meu amor
É um menino,
Construindo castelos
De areia
À beira do mar:
Mesmo que a maré
Destrua as fortalezas,
Sempre há disposição
Para voltar
A levantar paredes,
Antes que a noite chegue,
Antes que o sol
Se ponha,
- Em silêncio -
Dentro do oceano…
O meu amor é simples
Como as coisas simples
Devem ser:
Directo,
Leve,
Livre,
Despojado de posse,
Cheio de entusiasmo,
Repleto do poder
Da vida.
Assim como caminhar
Pelas madrugadas
Da cidade,
Com a cabeça
Cheia de músicas
E poemas
Nunca acabados,
Atento aos detalhes
De cada ruela,
Das flores
Nos jardins,
Das folhas secas
No Outono,
Meu amor observa
A vida,
Sem querer mudar
A intocável
Mutabilidade
Da natureza...

Hoje...

Hoje, eu sinto falta
Do vento
Que desalinha
Meus cabelos
E do perfume
De alfazema,
Nas urzes
Dos caminhos
Que teus pés
Trilharam.
Hoje, eu sinto falta
Do som
Das águas dos riachos,
A correrem,
Quase silenciosas,
Na direcção do mar
Do teu olhar.
Hoje, eu sinto falta
Do sorriso
Que é só teu,
- Aquela curva,
Suave,
No cantinho
Da tua boca –
Gravado,
Tão nitidamente,
Na minha memória.
Hoje, eu sinto falta
De ti,
Da tua voz,
Das tuas palavras,
Do teu breve contacto.
Hoje, eu sinto falta
De te ver,
De falar contigo,
De te sentir por perto,
De perceber
Que procuras, também,
Subtilmente,
Um sinal da minha presença.
Hoje, eu sinto
Uma saudade imensa
De ti!!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Janelas

Tu abriste
Uma janela
Na minha alma,
Donde sai
A musicalidade
Das palavras
E, também,
O silêncio
- Tranquilo –
Das cores.
Tu abriste
Esta janela
No meu peito,
Donde voam
As borboletas,
Que agitam
Minhas entranhas,
Quando vejo
Um indício
Da tua presença,
A movimentar
A placidez
Das águas
Do meu espírito
Inquieto.
Tu abriste
Uma janela
Nos meus sentidos,
Para ver,
Através dos teus olhos,
A magnitude
Da beleza
Que a vida traz,
Em cada pequeno
Detalhe,
Que, nem sempre,
Prende minha atenção,
Quando passo,
Apressado,
Em busca
De mim mesmo.
Tu abriste,
Sem querer,
Esta janela
Na minha alma,
Para me mostrar,
Que tudo aquilo
Que entra,
Traz, consigo,
Um pouco
De ti
Para junto de mim
E, o que sai,
Leva, consigo,
Um pouco
De mim,
Para junto de ti…

Efeitos

Tuas palavras
Tem o efeito
De pétalas
Macias,
A cair,
Suavemente,
No meu coração;
De borboletas
Inquietas,
Em voo,
A roçar
No meu estômago;
De música
Nos meus ouvidos;
De perfumes
Incensando
A minha alma…
Tuas palavras
Tem o poder
De alegrar
Meus sonhos,
De alagar meus olhos,
De lavar minha alma,
De mitigar minha dor
E preencher
Os espaços vazios,
Deixados no meio
Da minha solidão…
Tuas palavras
São alívio
Para minha febre,
Abrigo para meu cansaço,
Chuva fresca
Caindo, abençoada,
No calor do verão…
Tuas palavras
Alimentam minha fome
De viver,
Saciam minha sede
De afeição,
Fulguram nos meus olhos
Como candeias
Na escuridão
Das noites…
Tuas palavras
Tem o poder
Curativo
De mil ervas
E a força
Genuína
Das verdades,
Que enchem meus olhos
Com esperança…
Tuas palavras
Quebram o silêncio
Que insiste
Em estacionar
No nosso meio
E fazem todo o resto
Que me cerca
Perder a significância…
Tu alegras minha vida
E preenches meus vazios,
Consolas meu sono
E abrandas o cansaço
Do meu corpo,
Nesta distância
Insuportável,
Que nos separa
De um abraço,
Que eu desejo muito
Há tanto tempo…

sábado, 26 de setembro de 2009

O intruso

Ao chegar em casa, depois de um dia angustiante e atarefado, chuva na estrada e um trânsito caótico, o homem não teve muito ânimo para fazer mais que um jantar rápido, meio mecanicamente, para depois retirar-se no conforto viciante da cama e do quarto.

Arrancara, sem cerimónia, os sapatos e as meias, atirando-os a um canto, mas não trocara de roupa. Afrouxara o cinto, desabotoara os primeiros botões da camisa e jogara-se, assim mesmo, por cima das cobertas, colocando o travesseiro dobrado por trás da cabeça, olhando o teto branco do aposento.

Já estava mais tranquilo, quase cochilando, quando ouviu batidas na porta do quarto. Ele sabia que estava sozinho, na casa fechada, mas, mesmo assim, abriu a porta e deparou-se com o vazio do corredor. Acendeu todas as luzes, verificou a porta de entrada, ainda trancada à chave, deu de ombros e voltou para o quarto, desta vez, sem fechar a porta. Se havia alguém dentro de casa, ele veria, se – e quando – chegasse à porta.

Antes de voltar a sentar na cama, olhou por sobre o ombro direito e então percebeu o ridículo da situação. Chegara sozinho, estava sozinho, morava sozinho… A mulher da limpeza vinha somente uma vez por semana, mas já tinha vindo no dia anterior. De toda a forma, já não era hora de faxina: havia escurecido há bastante tempo.

Talvez o cansaço estivesse lhe pregando peças. A sua semana estava sendo bem estressante, no escritório, e ele bem que precisava de um bom banho quente. Decidiu tomar uma chuveirada e deitar. Era melhor ficar ouvindo música e deixar os pensamentos correrem soltos na atmosfera conhecida e confortável do quarto. Ópera, aquela hora, podia não agradar a vizinhança, mas acalmava a agitação do dia…

Adormeceu logo, sem muita dificuldade. Várias vezes, durante a noite, porém, acordou de sobressalto, com a impressão de novas batidas à porta, mas não se levantou.


Amanheceu rápido demais, depois da última vez que acordou. Estava se sentindo cansado, ainda. A noite não havia sido das melhores, concluiu. Esperava que o dia fosse mais tranquilo.

Durante o dia, no escritório, esquecera completamente dos acontecimentos da noite anterior. A atribulação dos últimos dias, próximos ao fim do mês, era grande, mantendo-o concentrado no trabalho, sem muito tempo para pensar em outras coisas.

Ao chegar de volta em casa, faminto, decidiu não assistir TV, limitando-se a aquecer o resto de jantar da noite anterior e acompanhar-se de um cálice de Porto, para fechar a refeição e relaxar o estômago. A música vinha baixinho da saleta ao lado, onde o computador ligado só não estava em modo stand-by, por causa da selecção longa de canções, que havia colocado a rodar, quando chegara – uma selecção tão eclética quanto a ópera da noite anterior. Um desejo simples passa-lhe rápido, enquanto ele coloca a louça na máquina de lavar. Essa noite, esperava dormir como uma pedra.

Já era madrugada quando percebeu que a luz da cabeceira estava acesa ainda. Apagou-a, virou-se para o lado e adormeceu novamente. Não parecia haver passado muito tempo, quando batidas à porta do quarto o fizeram acordar. A princípio pensou que ainda estava sonhando, mas as batidas voltaram, logo em seguida.

- Isso tem que acabar aqui, pensou…

Levantou-se, foi até a porta e abriu-a, com irritação. Não sentia nada além de impaciência. Acendeu a luz do corredor, depois as outras todas e vasculhou cada canto da casa. Nada... Não havia nada…

Era a segunda noite que isso acontecia. A casa não era assombrada. Era razoavelmente nova. O morador anterior lhe havia vendido, antes mesmo de estar completamente construída. Ele havia feito algumas melhorias, logo que passou a morar na casa de poucos cómodos, apenas para que ficasse mais com a sua cara… Conhecia todos os cantos da morada, que tinha, apenas, os móveis necessários para lhe dar um certo conforto. Como gostava de espaço e simplicidade, a casa estava mais para o estilo minimalista, que para outro estilo qualquer.

Ao constatar que não havia nenhum intruso, ele voltou para cama, mas não conseguiu dormir. Tinha todos os sentidos em estado de alerta, para levantar-se de um salto, caso ouvisse qualquer ruído. Quando o relógio despertou, já de manhã, estava no chuveiro, tentando apagar da memória e do corpo os acontecimentos da noite passada. Ele tentava pensar coerentemente, mas nada vinha em seu favor.

- Deve ser por causa do stress... ou paranóia. Preciso voltar a fazer terapia. E tem que ser urgentemente, falou para si mesmo. Ainda bem que hoje é sexta-feira. Quero dormir feito criança, esta noite.

O dia pareceu interminável. As horas se arrastaram e ele esteve irritadiço o dia inteiro, no trabalho. Quando o expediente, finalmente, terminou, saiu apressado, quase sem se despedir dos colegas, que também saíam apressados, com sorrisos de fim-de-semana, estampados nos rostos cansados.

A caminho de casa, comprou uma garrafa de vinho tinto. Precisava de uma boa dose de um vinho encorpado, acompanhando o jantar que ia fazer. Preparou uma massa com molho de creme de cogumelos com camarões. O tempero havia ficado perfeito. A refeição foi lauta, mas discreta. O vinho estava na temperatura e gosto ideais. Ele bem que mereceu aquele jantar. Terminou com um café, uma pequena dose de Porto e deu-se por satisfeito. Fechava a semana com chave de ouro. Agora ia ouvir um pouco de música, ou assistir TV por um tempo, tomar um banho antes de deitar e dormir, sem se preocupar com o despertador a tocar na manhã seguinte.

Adormeceu facilmente. Sonhou que a TV estava ligada. Ele tomou o controle remoto e desligou-a, mas o programa continuava a voltar a passar, ininterruptamente, na TV que nunca desligava. Reportagens, mostrando assaltos, assassinatos e desgraças pelo mundo, passavam em sequência desgovernada. Ele levantou-se de onde estava e foi até o botão principal e desligou-o. Não demorou mais que pouquíssimos segundos até o noticiário aparecer novamente na tela. Ele arrancou a tomada e jogou o aparelho na parede, irritado.

Um vulto passou atrás de si. Agora seria ele o perseguidor. Ia saber quem estava a lhe importunar. Saiu da sala e entrou na cozinha. Não viu ninguém. Foi ao quarto e viu a si mesmo deitado a dormir. Um vulto de negro se aproximava da cabeceira da cama. Ele gritou ao intruso, para lhe chamar a atenção. O vulto se virou, mostrando uma face sem traços definidos, coberta por uma espécie de malha negra, parecendo uma máscara a lhe esconder o rosto verdadeiro. O vulto avançou sobre ele, emitindo uma espécie de gemido, assustadoramente inumano. Ele recuou. O vulto veio em sua direcção, agora a lhe perseguir. Ele correu para a varanda, saltou para fora da casa e tentou chegar ao portão. Foi cercado, antes de alcançar o objectivo. Teve que voltar, tentando dar a volta pelo outro lado. Só havia uma saída. O muro traseiro era alto demais para saltar por cima. Tinha que sair pela frente da casa. O intruso pareceu ler seus pensamentos e tomou posição de cão de guarda, ao portão. Ele voltou para dentro e fechou a porta atrás de si. Antes que pensasse naquela alternativa, viu o vulto entrar pela varanda e atravessar a porta de vidro da saleta. Estava encurralado.

- A melhor defesa é o ataque, pensou. Não tenho outra alternativa. Avançou sobre o vulto, que esquivou-se para o lado e o agarrou por trás, deixando-o imobilizado e com os braços sem conseguir alcançar nada além do ar à sua frente. O intruso apertou-lhe os braços e aproximou-se de seu ouvido, com um gemido estranho, quase animalesco. Desta vez, ele sentiu medo. Seu corpo tremia. Ele sentia o calor das narinas e boca do seu algoz, quase encostados à sua face. Parecia que a figura de negro lhe queimava a pele, com o calor desconfortável da respiração.

O estranho abraço apertava-lhe o peito e os braços, com mais força, agora, dificultando-lhe respirar. Quis gritar. Sua voz não saiu. Seu corpo agora tremia em espasmos e a dor chegava às raias do insuportável. Começou a desfalecer. Ele teve horror do que viria a seguir. Sentiu os ossos da costela estalar. Seu peito parecia que ia explodir. Os espasmos aumentaram. Ele fechou os olhos. A pele do pescoço queimava, agora, assim como o peito. Parecia que o coração havia rasgado e transbordado sangue à volta, queimando-lhe a caixa torácica e os outros órgãos ali abrigados. Muita dor… Um grande branco passou-lhe em frente aos olhos e, depois, sentiu uma estranha sensação de dormência… Seus sentidos lhe abandonaram e ele imaginou-se desmaiar, com a pele do pescoço, próxima à orelha direita, a queimar aflitivamente, em contraposição ao suor frio que lhe escorria pela face marcada pela dor…


De um salto, ele abriu os olhos e percebeu que estava no quarto, mal iluminado por uma fresta de luz, que entrava por um espaço entre as faces da cortina. O peito arfava e o suor lhe cobria o peito e a face. Uma dor insuportável castigava-lhe o corpo todo… Ele quase suspirou de alívio, ao perceber a porta do quarto fechada e o silêncio a acarinhar-lhe os ouvidos. Deitou a cabeça de volta ao travesseiro, fechou os olhos e relaxou…

Foi, então, que a porta se abriu, sem barulho, mas de rompante. A figura encapuzada em preto entrou e aproximou-se da cabeceira da cama, sem cerimónia, como se conhecesse, muito bem, o quarto.

A mão do intruso se apoiou no travesseiro, quase encostada à sua cabeça, fazendo-a mover-se um pouco para o lado. Aquela presença pesava no ar do quarto, antes fechado, agora com a porta completamente escancarada. Ele sentiu o som próximo da respiração e o bafo quente quase a encostar-lhe no rosto, mas recusava-se a abrir os olhos, agora, com medo do que poderia ver.

O corpo inteiro delatou-o, todavia, com uma convulsão incontrolável de medo a sacudir-lhe da cabeça aos pés e ele abriu os olhos, ofegante e em completo terror…

Ele tentou gritar, mas a voz não saiu. Com os olhos arregalados, fitou os olhos do intruso, a poucos milímetros de sua face…


Na segunda-feira seguinte, ao perceber que não comparecera ao trabalho, os colegas, após desistirem de tentar ligar-lhe, incansavelmente, chamaram os bombeiros para entrar na casa trancada. Encontraram o corpo na cama, a face contorcida de terror e os olhos abertos, esgazeados.

A polícia e os paramédicos registraram “ataque cardíaco – durante o sono” como causa da morte. Ninguém, todavia, conseguiu explicar a estranha marca na pele do pescoço, próxima à orelha direita. Não havia nada no quarto, ou na casa, que pudesse ter dado origem à forma quase arredondada daquela queimadura…