sábado, 2 de agosto de 2014

Obliviar (Fase Dois do Esquecimento)


Do calor suave

da tua sublime boca,

eu bebo

um poderoso veneno:

frio, incolor,

e com um delicado

e doce-amargo sabor…

Uma estranha fisgada 

de dor

liberta-me

das melancólicas

e angustiantes garras

 das memórias sombrias,

que continuavam insistindo

em ascender

do meu imperecível passado.

Aquelas recordações,

algumas ainda mais vivas

do que outras,

começam lentamente

a dissipar-se

em uma bem-vinda,

acrómica e amena

névoa

de esquecimento,

que acaba,

eventualmente,

esvanecendo no ar

e recuperando-me da dor,

(mas não sem deixar

algumas das suas cicatrizes

mais dolorosas

e profundas)...

Chega de reminiscências

não solicitadas,

levantando vivas

das pálidas dunas

no deserto

da minha mente.

Chega de lembranças

de uma realidade,

que costumava ser boa

para absolutamente nada.

O que ficou foi, tão-somente,

um desolado vazio...

(o imenso

e confortável

vácuo do oblívio)...

Minha vida está, agora,

mais do que pronta

para ser reforjada  

e moldada,

uma vez mais,

à sua singular e distinta

forma e cor...

Por fim

E depois de tudo...


3 comentários:

  1. A versão em Português da 'Fase Dois' é mais forte... talvez mais sentida...

    ResponderEliminar
  2. Tens o dom de me deixar sem palavras para adjetivar a beleza da tua escrita, seja em prosa ou em poema e este ultimo não é exceção

    ResponderEliminar
  3. Obrigado pelo incentivo. Sempre fico sem palavras, qdo recebo elogios ao meu trabalho. Muito obrigado mesmo

    ResponderEliminar