sábado, 4 de outubro de 2014

Obliviar (Fase 3 do Esquecimento: Ultimar)



Minha mente vai-se,

agora,

esvaziando

pouco a pouco.

Eu já não consigo

pensar

claramente

naquelas coisas

– todas -

que deixaram suas marcas,

tão profundas,

gravadas

na minha alma.

Sinto-me mentalmente cansado

e meu corpo

está mostrando sinais

desta exaustão.

Os tempos de outrora,

que insistiam em voltar

para assombrar-me,

de vez em vez,

de quando em quando,

foram, finalmente,

deixados para trás.

O que eu sofri,

o que eu chorei,

o que eu vivi,

o que acabou,

finalmente,

por morrer...

e tudo o que uma vez

já esteve tão vivo,

como se fosse

em uma outra existência...

vai-se, agora, desaparecendo

de uma vez

por todas

e, espero,

para todo o sempre...

Como se cingido

por frios braços

de águas da cor do cobalto

neste imenso 

e desolado mar,

eu vou submergindo

lentamente

e experimento

um gradual

e intenso torpor...

Fecho meus olhos

e deixo-me ir

mais fundo

no fundo

do mais profundo abismo...

Mas desta vez,

enquanto abandono-me

ao confortável vazio

do Oblívio,

sinto surgir novas chamas

de paixão

a arder,

brandamente,

naquele cantinho

oculto

do meu coração ferido

e a aquecer

subtil

e ternamente

minha alma 

dantes tão sofrida...


3 comentários:

  1. Fase última do Oblívio. Terminando o que comecei...

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  2. Sempre o primado da qualidade na tua poesia e na tua escrita. Parabéns mais uma vez e obrigado por partilhares com os leitores

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    1. A versão em outra língua sempre torna mais difícil a harmonia das palavras. Espero haver conseguido manter o ritmo. Obrigado pelas palavras de incentivo.

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