Deste álgido
E árido coração,
Que palpitava, sem emoção,
A bombear, mecânico,
O denso e frígido
Veneno escarlate,
A irrigar, rigoroso e constante,
As veias mais ténues
Do fatigado corpo,
Dilacerei as entranhas,
Arrancando, dele,
Um delgado,
E gélido filamento,
Resistente e afiado como o aço,
Determinado a decepar,
Do passado,
Todo o mal
E deixar quase intactas,
Unicamente,
As memórias
De uns poucos
E doces momentos,
Vividos num tempo
Antes mesmo do existir.
Quando, distendido
Entre o que foi
E o que devia ser,
A frieza inanimada
Daquele filete de metal
Foi tocada
Pelas cálidas e suaves
Pontas dos teus dedos,
A tensa linha pulsou,
Languidamente,
Gerando a mais doce melodia,
Que cingiu,
Com seus etéreos braços,
A atmosfera à nossa volta,
Fazendo tanger
Outros delicados fios,
Que controlavam, até então,
E apenas,
Os tristes movimentos
Das eternas almas
De todos os sentidos…
Demorei a dar-me por satisfeito... mas cá está!
ResponderEliminar