sábado, 24 de maio de 2014

À Deriva


…E era, então,

Apenas uma nau

À deriva,

Sem rota

E sem rumo,

Numa escura

E infinda noite…

Sem ver terra

À vista,

Um farol

De referência,

Um arrecife onde embater…

A rasgar o frágil casco…

A romper,

Sem piedade,

As delicadas entranhas…

A sangrar…

A tingir de denso rubro

As profundas

Águas singradas,

Até que o rasto

De espuma

Desvaneça suave

E incólume,

Diluído e silencioso,

Na imensidão

Sombria

Do mar…

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