E toda manhã
Sou uma página
Em branco,
Sendo escrita
Aos poucos,
Com a tinta indelével
Do destino,
Para ser virada,
Novamente,
Na manhã seguinte,
Sem perder as minúcias
Dos registros deixados
Na passagem anterior.
E toda manhã
Sou uma página
Em branco,
Sendo pintada
Com palavras
De vida,
E garatujas
De verdade,
Em aquarelas,
De cores suaves
- Mas firmes -
Trazendo a nitidez
Com a distância
E a beleza
Da técnica,
Com a observação
Detalhada
De cada momento.
Um dia,
Ao folhear as laudas
Já escritas,
Buscando lições
Aprendidas
E memórias
Deixadas
Com carinho,
Verei, apenas,
A beleza deixada
Pelas emoções
Que vivi
Com intensidade
E os arabescos
De sentimentos diversos,
A decorar,
Com esmero,
As páginas repletas
De boas recordações.